O "mundo negro" da mineração ilegal

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O fotolivro "Black World" é um retrato tripartido do custo humano da mineração ilegal. Erberto Zani visitou três países, três continentes, observou a extracção de três diferentes tipos de minério, contactou com centenas de trabalhadores. Aquilo que viu, disse ao P3, em entrevista, "é um mundo caracterizado pela opressão, violência e pelo desrespeito pelos direitos humanos". Em África, na República Democrática do Congo, faz-se extracção de coltan, material utilizado na produção de computadores, smartphones e "tablets". A extracção deste minério é feito em contexto de guerra e o valor de mercado deste recurso é "tão caro que suscitou o interesse de empresas multinacionais e organizações criminosas". As minas são exploradas por grupos armados e é o mantimento do caos que conduz à baixa de preços. Na Índia, dois terços da energia consumida é obtida a partir da combustão de carvão. No subsolo indiano há 450 kilómetros quadrados de área em que abunda o minério. A Índia é, para Zani, "uma fornalha inextinguível"; nas zonas de exploração mineira, a poluição atmosférica prejudica gravemente a saúde dos habitantes. O trabalho nas minas é, por isso, atribuido apenas aos homens cuja saúde resiste à elevada toxicidade. As mulheres e as crianças não ficam de fora da equação e transportam, em cestas de vime, pedras que chegam a pesar 20kg através de longos caminhos em direcção às povoações. O trabalho infantil é comum por toda a Índia. Na Colômbia, a "febre do ouro" começa a suplantar a do narcotráfico e a luta por territórios onde está contido o minério atinge proporções alarmantes: massacres e expulsões forçadas originam fortes ondas migratórias de ex-proprietários em direcção aos subúrbios das grandes cidades. "Black World" ainda não existe fisicamente. O fotojornalista, que não é estreante no P3, criou uma campanha de crowdfunding a fim de publicar o fotolivro que se caracteriza por um preto e branco "sujo" e "cortes não-convencionais" que têm como objectivo "enfatizar a sensação de opressão e e sufoco que epitomiza a existência das pessoas retratadas". Ana Marques Maia