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Uma mulher ocupa pouco espaço

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A pergunta é: o espaço define uma mulher? Em 2007, depois de ter sabido que o seu país era aquele que, dentro da União Europeia, apresentava uma maior desigualdade salarial entre géneros, a artista visual estónia Liina Siib reagiu. Tinha ficado com uma frase na cabeça, uma frase que fora usada durante um debate e que depressa se assumiu como uma espécie de mantra para este trabalho: "Uma mulher ocupa pouco espaço" ("A woman takes little space"). Por isso, desatou a observá-las nos espaços de trabalho que as rodeavam e a fotografá-los. A série, agora com mais de 60 imagens, continua até hoje no país em que, revela a autora por e-mail ao P3, as mulheres continuam a ganhar, em média, menos de 30% menos do que os homens — "E eles geralmente morrem mais cedo que elas". Não são retratos, sublinha, porque "mostram diferentes situações espaciais que estão relacionadas com convenções visuais e construções pictóricas". "Não são encenadas, as pessoas estão a revelar a sua própria vida." Ao longo deste projecto, Liina, que sempre se interessou pela representação das mulheres na sociedade contemporânea, apercebeu-se da existência de "linhas de poder inconscientes e silenciosas" que, considera, "determinam os padrões de comportamento dos homens e mulheres num espaço". "As estónias, às vezes, parecem demasiado confortáveis com os modelos estabelecidos pelos papéis de género. A identidade profissional é amplamente moldada pelo empregador, que organiza o local de trabalho para uma trabalhadora mulher, com base no que é suposto ser. Devido à submissão e baixa-auto-estima, elas não se queixam frequentemente das suas condições de trabalho." Como mulher e artista, Liina não se sente, de todo, discriminada, mas, na sua opinião, continua a existir muito desconhecimento em relação aos direitos do sexo feminino. Diz a autora que os vários estudos que se debruçaram sobre o assunto concluíram que as "as mulheres simplesmente não pedem um salário mais alto". Por isso, para a fotógrafa, "a mulher está hoje mais forte e mais fraca, ao mesmo tempo": "Ela tem mais formação, mas continua com um salário inferior, desempenha os trabalhos que são mais mal pagos nas áreas dos serviços sociais, de educação e cultura, muitas vezes é uma mãe solteira sem o apoio do pai da criança(s)." Estes temas, longe de terem uma solução, têm sido falados. E sim, há, pelo menos, uma mudança: "Talvez uma coisa boa é que hoje, sete anos depois, a sociedade e os média vêem esta disparidade salarial como um problema. Não como uma estatística curiosa, mas como uma coisa séria com consequências para as pensões, em que as mulheres podem passar o seu tempo de aposentadoria em relativa pobreza".