Quando Martha Cooper revela a street art dos Açores

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"Nunca fui apanhada". Palavra de Martha Cooper durante uma conversa no Walk&Talk. A fotojornalista norte-americana nasceu nos anos 40, tirou (quase sem querer), a sua primeira foto de graffiti em 1962 e hoje a sua imagem de perfil na conta de Instagram é o seu retrato pintado por Os Gémeos, dois dos muitos artistas de rua que já homenagearam nas paredes — assim como JR, GAIA, Axel Void, Obey ou Revok & Pose — aquela que é considerada como uma lenda no universo da arte urbana (Os Gémeos Otávio e Gustavo Pandolfo já confessaram que se sentiram tentados a pintar paredes pela primeira vez depois de terem absorvido o livro "Subway Art" (1984), de Martha Cooper, que pediram à mãe para ir traduzindo para português). Martha sentou-se no balcão do Retiro (peça construída pelos artistas João Pedro Vale e Nuno Andrade Ferreira no coração da galeria Walk&Talk) e daí projectou fotografias de parte da sua vida. Entre a foto de Mare 139 & Lady Pink na casa-de-banho do liceu em 1982 e a série que tem publicado no Instagram a partir dos Açores (imagens que mostramos nesta fotogaleria), Martha juntou a maior colecção do mundo de fotografias de arte de rua. Keith Haring agarrado à Bowery Wall em 1982, as primeiras aventuras de Shepard Fairey, os rolos de Pixel Pancho, os extintores de Elle, o stencil gigante de Aiko e os minúsculos de c215, as rugas do Lata 65, as colagens de JR, os brinquedos feitos por crianças um pouco por todo o continente africano, os corpos tatuados dos yakuza no Japão, as obras de Dakar feitas com pedaços de carvão, o mundo de Phlegm (o seu favorito)... "Pensei que era uma coisa de Nova Iorque e que não ia durar...", comentou sorridente depois de um dia a circular pela ilha de São Miguel. Quando lhe perguntaram onde vai parar o graffiti, deu a resposta "do costume": "Sou uma seguidora e não uma líder".