Filipe Cortez contaminou o AXA. Vais entrar?

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Uma sala em quarentena. Um espaço contaminado que semanas antes foi um atelier. Calor, humidade, doença — do tecto ao chão, das paredes ao invasor humano, espiado por uma câmara de vigilância, defendido por um astronauta deste mundo. Eis Filipe Cortez a resgatar o que era o Edifício AXA, no Porto, quando este já não o era. "Há algo de belo naquilo que é abandonado." Ele procura-o. Mestre em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, dividido entre a arte e um restaurante na Foz, Filipe sempre teve "tendência" para imagens fortes. Durante os três meses de residência artística no 1.ª Avenida decidiu resgatar a primeira visita que fez ao edifício, ainda antes da reabilitação. "Senti que faltava isso." "Isso" é uma espécie de espaço contaminado. É o lixo, é o espaço abandonado. São as doenças do espaço arquitectónico: as rachadelas, as manchas de humidade, o bolor, o vapor. É "Contaminação". Na sua sala no 7.º piso, na inauguração a 6 de Setembro, levou o propósito ao extremo. A destruição é tanta que é nociva: tudo para provocar uma reacção em quem isoladamente trespassa o espaço. Já no 2.º piso, na exposição colectiva, num chão de cimento, caminha-se entre dez pequenos quadros de óleo sobre madeira que retratam o que já lá não está: fendas, nódoas, imperfeições. "Fósseis do espaço", como Filipe, de 27 anos, lhes chama. "Para ver pedaços do que era o AXA." AR

O P3 acompanhou alguns dos jovens artistas que durante três meses estiveram em residência no projecto 1.ª Avenida, instalado no Edifício AXA, na Avenida dos Aliados, no Porto. Todos os trabalhos podem ser visitados até 29 de Setembro.