Cursos de Português no estrangeiro com menos nove mil alunos

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O Governo estima que o número final ultrapasse os 26 mil alunos no estrangeiro Foto: PÚBLICO

O número de pré-inscritos nos cursos de português no estrangeiro, que registou uma quebra de cerca de nove mil alunos, deverá diminuir mais na altura das matrículas e do pagamento da propina anual, estimou hoje fonte sindical.

“Muitos encarregados de educação que inscreveram os filhos não têm intenção de pagar a propina [de 120 euros] e se a tutela insistir no pagamento haverá uma nova redução. Quando chegar a altura de fazer a inscrição definitiva e o pagamento não fazem porque não estão dispostos a pagar e o número vai descer ainda mais”, disse Teresa Duarte Soares, do Sindicato dos Professores das Comunidades Lusíadas.

A sindicalista explicou que a pré-inscrição online não obrigava a qualquer pagamento, devendo a propina ser liquidada apenas quando for publicada a rede de cursos para o próximo ano lectivo, o que geralmente ocorre em Junho, e feita a inscrição definitiva.

O Governo decidiu este ano que os alunos do pré-escolar, básico e secundário que queiram frequentar aulas de Português no estrangeiro no próximo ano lectivo têm que fazer uma pré-inscrição online e pagar uma propina de 120 euros anuais.

O período de inscrição decorreu entre 30 de Março e 27 de Abril, tendo-se registado online 25.966 alunos, segundo dados oficiais.

Com as inscrições em papel ainda por introduzir, o Governo estima que o número final ultrapasse os 26 mil alunos, menos nove mil do que os 35 mil alunos que compunham o universo a que se dirigia esta inscrição.

Com base nestes números, a sindicalista estima que sejam dispensados no próximo ano lectivo cerca de 80 professores de Português.

“Estão previstos nove mil alunos a menos o que corresponde a 80/90 professores a menos também”, estimou Teresa Soares, considerando que a exigência de pagamento de uma propina “é um esquema” para conseguir a redução de alunos e consequentemente de professores.

Confrontada com as declarações do secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, de que pretende manter no próximo ano lectivo os 400 professores que estão no estrangeiro, Teresa Soares manifestou dúvidas em relação a essa intenção.

“Como é que se podem manter os mesmos professores se não se mantém o número de alunos? A menos que se reduza o número mínimo de alunos por grupo, coisa que não consigo acreditar porque no ano passado esse número mínimo de alunos subiu”, disse.

A sindicalista sublinhou que a partir do próximo ano lectivo “um número enorme de alunos” ficará fora do sistema de ensino, que na sua opinião passará a ser o ensino “dos que pagam”.

As alterações ao ensino de Português no estrangeiro, nomeadamente o pagamento da propina de 120 euros anuais, vão ser novamente alvo de contestação por parte de pais e professores durante uma manifestação marcada para sábado, junto ao consulado de Portugal em Estugarda, na Alemanha.

“Desde princípio do ano lectivo, que está agora a terminar, desapareceram cerca de 200 professores. Somos 400 e se nos retiram mais 80 passamos a 320 e continuando neste passo daqui a dois anos o ensino deixou praticamente de existir”, disse Teresa Soares, lembrando que para o descontentamento dos emigrantes conta também o encerramento de consulados.

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