Tampões e fraldas podem ser combustível para as centrais eléctricas britânicas

São resíduos particularmente difíceis de processar, e o aumento da esperança de vida veio avolumar o problema.

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Reuters/PHILIMON BULAWAYO

O destino final de produtos higiénicos absorventes como tampões ou fraldas é, na maior parte das vezes, o aterro sanitário. A humidade destes produtos torna a incineração cara e, por isso, a acumulação de lixo dese tipo acaba por ser inevitável. O impacto para o ambiente é enorme, uma vez que se estima que este tipo de resíduos demore 500 anos para se decompor totalmente. Assim, os aterros ficam cada vez mais cheios e o solo cada vez mais poluído. Este era um problema aparentemente sem solução, mas do Reino Unido surge agora uma proposta.

O grupo britânico de processamento de resíduos PHS apresentou nesta terça-feira uma forma económica de reciclar tampões, pensos higiénicos e fraldas à escala industrial. Através da combinação de tratamento químico e processos mecânicos, um método denominado LifeCycle visa transformar o lixo higiénico em combustível para as centrais eléctricas britânicas. O procedimento é explicado num vídeo publicado no site da empresa. O lixo será compactado, seleccionado, separado e desidratado, de forma a produzir o combustível.

O processo de conversão de lixo em energia terá lugar no novo centro de reciclagem da empresa na região de Midlands, em Inglaterra, onde o grupo PHS começou a testar, em 2016, o método patenteado. Segundo o The Guardian, a empresa que processa o lixo produzido por mais de 90 mil pessoas no Reino Unido e na Irlanda pretende transformar em combustível até ao final do anos cerca de 45 mil toneladas de produtos higiénicos absorventes.

“Os produtos de higiene são uma parte essencial das nossas vidas quotidianas, mas eliminá-los sempre foi um problema”, diz Justin Tydeman, CEO do grupo PHS, citado pelo mesmo jornal britânico. “Quer isto se torne numa grande fonte de energia ou não, o principal é encontrar uma boa maneira de lidar com aquilo que é um complexo e crescente fluxo de resíduos", afirma.

Tydeman prevê um aumento deste tipo de resíduo como consequência de uma maior esperança média de vida. “O melhor aspecto da vida actualmente é o facto de as pessoas viverem cada vez mais, mas com isso os problemas de incontinência tornam-se mais comuns. Nós cremos que isto seja um problema cada vez maior porque queremos que as pessoas vivam mais", aponta.

O uso de combustível produzido a partir de resíduos é uma prática comum na Europa e o Reino Unido é um dos principais exportadores.

Entretanto, o método LifeCycle está a ser analisado por investigadores da Universidade de Birmingham, que irão informar o quão amigo do ambiente o processo realmente é.

Texto editado por Pedro Guerreiro

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