Revolução a pilhas

As nossas ações no presente determinarão o nosso futuro.

Em 1991, em Crawley, perto de Londres, o responsável pelo departamento técnico e de investigação da empresa onde trabalhava falava do futuro da energia portátil, da evolução dos telemóveis, da fotografia digital, do vídeo e dos wearables. Um palavrão que me foi traduzido como “algo tecnológico que vais poder usar”. Fiquei entusiasmado mas, por mais que tivesse procurado prever o que aí vinha, estava longe de poder imaginar o seu impacto.

A 29 de Junho de 2007, a Apple e o seu fundador, Steve Jobs, lançaram o iPhone. Era o sinal de que a revolução digital ia saltar para um novo patamar. Nessa altura, já a Internet crescia a bom ritmo. O mundo tornava-se cada vez mais uma aldeia global em que todos podem comunicar apenas com um toque num ecrã. As empresas adotavam as novas tecnologias e começavam a mudar a forma de comunicar com os seus clientes.

Os computadores, os tablets e os telemóveis passaram a fazer parte da vida do cidadão comum, desviando a sua atenção dos mass media tradicionais. A televisão, a rádio e os jornais começavam a deixar de ser os principais canais de divulgação das noticias e as novas aplicações não paravam de chegar. A revolução fazia-se a pilhas.

Mas foi em Nice, no mês de Outubro de 2012, ao perceber o envolvimento da República Federal Alemã num “mero” congresso de pilhas e baterias, procurando soluções para armazenar a energia que iam produzir com os painéis fotovoltaicos, que percebi o quão rapidamente poderíamos mudar de uma economia baseada no petróleo para uma economia muito mais amiga do ambiente.

O sinal mais visível de que esta revolução estava a chegar foi o início das campanhas de publicidade aos veículos elétricos feitas pelas marcas alemãs e francesas de automóveis e o aparecimento da Tesla. Olhando para trás, para o exemplo do iPhone, é possível aceitar que esta nova fase da revolução irá acontecer a um ritmo superior ao esperado.

O potencial de melhoria da qualidade de vida, sobretudo nas cidades, com a diminuição das emissões de CO2 e do ruído, é maravilhoso. Ainda que os riscos desta mudança de paradigma sejam elevados, principalmente para os países com economias dependentes do petróleo, esta visão realista de um futuro com baixas emissões de CO2 deve-nos entusiasmar e motivar, porque as nossas ações no presente determinarão o nosso futuro.

O planeta Terra não precisa de nós, mas nós precisamos do planeta para viver.

O autor escreve segundo as normas do novo Acordo Ortográfico

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