Não é fácil explicar o dedo do homem no efeito de estufa? Omita-se, diz agência americana

A Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA eliminou a "actividade humana" do comunicado de imprensa sobre o aumento dos gases com efeito de estufa.

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Reuters/Stephane Mahe

A Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA, na sigla inglesa) não fez qualquer referência à influência humana nas alterações climáticas no comunicado sobre o Índice Anual de Gases com Efeito de Estufa (GEE), divulgado nesta terça-feira. “É um assunto complicado que pode ser difícil de comunicar”, disse a instituição governamental que faz parte do Departamento de Comércio dos Estados Unidos e que tem sido considerada uma voz credível nestas matérias.

No ano passado, o comunicado dizia que “a actividade humana aumentou a contribuição para o aquecimento global devido à concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera em 50% acima dos níveis pré-industriais nos últimos 25 anos" e o artigo era ilustrado com uma fotografia da queima de combustíveis fósseis.

Este ano, a imagem é a vista aérea de uma cidade e o discurso é diferente. A mensagem é que o Índice Anual de Gases de Estufa da NOAA, que analisa a influência no aquecimento global dos gases de efeito estufa de longa duração, aumentou 40% entre 1990 e 2016 - com a maior parte atribuída ao aumento dos níveis de dióxido de carbono.

O ritmo do aumento da concentração de GEE na atmosfera em 2016 foi superior ao dos últimos 30 anos mas a actual administração da NOAA, liderada por James Butler desde 2008, afirma que "o papel dos gases com efeito de estufa nas temperaturas globais é bem entendido pelos cientistas, mas é um assunto complicado que pode ser difícil de se comunicar".

Desde que Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos, não é a primeira vez que a omissão da culpa humana nas mudanças do clima é opção em comunicados científicos. Já em Maio, o Departamento do Interior, na comunicação sobre as inundações costeiras, omitiu a explicação acerca do modo como as alterações climáticas influenciam o aumento do nível médio do mar, alegando que tal esclarecimento não acrescentaria nada de novo.

Texto editado por Ana Fernandes

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