Freixos americanos no limiar da extinção e antílopes africanos a caminho

União Internacional para a Conservação da Natureza divulgou uma actualização da sua Lista Vermelha de Espécies. Portugal é dos países europeus com mais espécies animais e de plantas consideradas em perigo crítico de extinção.

O freixo branco
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O freixo-branco Morton Arboretum
O freixo verde
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O freixo-verde Morton Arboretum
O elande-gigante
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O elande-gigante Brent Huffman / UltimateUngulate
O chango-da-montanha
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O chango-da-montanha David Mallon

A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), actualizou a sua Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, que engloba animais, plantas, fungos e protistas, chamando à atenção para o caso dos freixos, um género de árvores mais abundantes da América do Norte, que estão no limiar da extinção, e para cinco espécies de antílopes africanos, que têm sofrido uma diminuição acentuada provocada, entre outras coisas, pela perda de área selvagem e pela caça furtiva. Na Europa, Portugal está no top 5 dos países europeus com mais espécies animais e de plantas que se encontram em perigo crítico de extinção.

Em comunicado publicado no seu site, a IUCN diz que a sua lista vermelha inclui agora quase 88.000 espécies, sendo que 25.062 enfrentam o perigo real de extinção.

“As nossas actividades enquanto humanos estão a levar as espécies ao limiar da extinção tão depressa que é impossível para os conservacionistas avaliarem as perdas em tempo real”, diz Inger Andersen, directora-geral da IUCN, citada no mesmo comunicado. “Até aquelas espécies que pensávamos serem abundantes e seguras – tais como os antílopes em África e os freixos nos Estados Unidos – enfrentam agora a iminente ameaça da extinção”, continua.

Sedeada na Suíça, a IUCN foi fundada em 1948, englobando 1250 organizações, na sua maioria organizações não-governamentais, mas que inclui também 84 Governos nacionais e 112 agências estaduais. As listas vermelhas por si criadas, que tiveram início em 1963, são dos inventários mais detalhados a nível global sobre o estado de conservação das espécies. No entanto, a organização ressalva que em relação a algumas espécies não existem dados suficientes para se realizar uma análise aprofundada.

Desta nova actualização, a IUCN destaca assim os freixos norte-americanos (espécies do género Fraxinus), cujas cinco das seis espécies mais abundantes do continente estão “a um passo da extinção”.

A causa para esta situação é a presença de um tipo de escaravelho invasor que está literalmente a dizimar estas árvores. Três destas espécies de freixos que estão a desaparecer a cada dia que passa – o freixo-verde, freixo-branco e o freixo-negro – são os tipos de freixo mais abundantes dos EUA, totalizando cerca de 9000 milhões de árvores. Estas são também das árvores de madeira mais valiosas deste país, sendo utilizadas para a produção de móveis, tacos de baseball e sitcks de hóquei, dois dos desportos mais populares nos EUA e Canadá.

Além disso, são o lar e fonte de alimento para várias espécies animais tais como aves, esquilos e insectos, e são o sustento de vida de alguns polinizadores como borboletas e mariposas, explica a IUCN.

“Os freixos são essenciais para a comunidade de plantas dos EUA e têm sido espécies usadas na horticultura popular, tendo sido plantadas milhões ao longo das nossas ruas e jardins”, diz Murphy Westwood, membro do grupo de especialistas em árvores da IUCN, e director do grupo de conservação de árvores que liderou esta análise. “O seu declínio, que provavelmente afecta mais de 80% das árvores, vai mudar dramaticamente a composição das florestas urbanas e selvagens”, explica ainda.

Outro dos casos expostos por esta actualização é a dos antílopes africanos. A análise centra-se em cinco espécies que têm sofrido uma diminuição drástica, provocada pela caça furtiva e pela diminuição do seu habitat. No entanto, a maioria das espécies de antílopes presentes em África mantêm-se inalteráveis no que diz respeito à sua categoria de conservação.

A IUCN explica que esta situação reflecte um declínio mais amplo e que atinge a generalidade dos mamíferos em África, que têm sido afectados pelo aumento populacional e a consequente redução de espaço e recursos.

“Os antílopes têm vindo a decair enquanto as populações humanas continuam a crescer, esvaziando terras para a agricultura, colhendo de forma insustentável carne selvagem, expandindo os seus aglomerados urbanos, extraindo recursos e construindo estradas”, explica David Mallon, um dos líderes do grupo que analisa a situação dos antílopes na IUCN.

Entre estas cinco espécies, inclui-se o elande-gigante (Tragelaphus derbianus), que é a maior espécie de antílope. Antes listada pela IUCN como de preocupação reduzida, foi colocada agora como vulnerável, sendo a população global situada entre os 12 mil e os 14 mil espécimes, o que perfaz uma redução de cerca de dez mil animais adultos. Esta espécie tem sido especialmente afectada pela caça furtiva e pela expansão da agricultura e da pecuária.

O chango-da-montanha (Redunca fulvorufula) sofreu uma redução de cerca de 55% nos últimos 15 anos. Também classificada anteriormente de preocupação reduzida, é agora listada na categoria de espécies em perigo.  

Anexado a esta actualização, a IUCN divulga uma série de estatísticas detalhadas sobre a situação das espécies do mundo. Nessa informação, verifica-se que Portugal é dos países europeus com mais espécies animais e de plantas categorizadas como estando em perigo crítico de extinção.

Relativamente aos animais, duas espécies foram extintas em território português, e 35 encontram-se em perigo extremo. Na Europa, apenas a Espanha, Itália e Grécia têm números superiores. 

No caso das plantas, uma espécie é dada como extinta e 23 encontram-se em perigo crítico de extinção. Aqui, Portugal encontra-se em terceiro lugar, sendo ultrapassado pela Espanha e Itália.

Numa perspectiva total, Portugal contabiliza 288 espécies ameaçadas. Também aqui, o país encontra-se na quarta posição, sendo ultrapassado novamente pela Espanha e Itália e também pela Gronelândia. No caso dos animais, registam-se 13 espécies de mamíferos nesta situação, 13 aves, cinco répteis, um anfíbio, 63 peixes, 78 moluscos, 88 plantas e um fungo.

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