Venda de 5% da CP Carga ainda à espera de “instrumentos jurídicos”

Falta de interesse dos trabalhadores fará subir posição da MSC.

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Empresa foi vendida à MSC Patricia Martins

A venda dos 5% restantes do capital social da CP Carga, destinado aos trabalhadores, ainda não arrancou, apesar de a CP ter garantido em Janeiro passado que a mesma se concretizaria “em breve, dentro de dias, no máximo semanas”

Agora, quatro meses depois, fonte oficial da empresa diz que “ainda não está definida a data para esta venda”, uma informação corroborada pelo Ministério das Infraestruturas e Planeamento, que diz que estão ainda a ser elaborados os “instrumentos jurídicos” para aquela operação.

Na prática, isto significa que tudo depende da velocidade que o Ministério das Finanças imprima a este processo.

Um processo que, na verdade, não parece ser urgente para nenhuma das partes. A CP, que é a ainda detentora de 5% da CP Carga, não tem pressa em vendê-lo porque tal tem um impacto diminuto nas suas contas. Os trabalhadores, a quem se destina a venda, já fizeram saber que não estão interessados. E a MSC, a nova proprietária da operadora ferroviária de mercadorias, não está preocupada com o assunto pois sabe que acabará por comprar as acções restantes, ficando muita próxima dos 100% do capital social da empresa.

Carlos Vasconcelos, administrador da CP Carga (que em breve será conhecida por outro nome na sequência de um concurso interno para os trabalhadores proporem uma nova marca), diz que honrará a obrigatoriedade de comprar o lote dos 5% de acções que não forem adquiridas pelos trabalhadores.

Estes, ou pelo menos os seus representantes, mantêm que não estão interessados em participar no capital social da empresa, cuja privatização não mereceu o seu acordo.

Raul Vasques, da Comissão de Trabalhadores, já afirmou ao PÚBLICO, em Janeiro, que “nenhum trabalhador está interessado nos 5%”, porque querem é que “seja 100% do Estado”. E concluía: “A MSC, se quiser, que fique com os 5%”.

O certo é que os novos patrões da CP Carga começaram a sua gestão com uma política de sedução aos cerca de 500 trabalhadores da empresa, na sua maioria aversos à privatização.

Um dos primeiros actos de gestão foi eliminar os cortes salariais e repor o direito às diuturnidades, medidas a que a velha CP Carga, enquanto empresa pública, estava impedida de fazer. Uma forma de demonstrar as virtudes do privado sobre o público. 

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