O maior banco suíço anunciou nesta terça-feira que sofreu um prejuízo de 1500 milhões de euros no quarto e último trimestre de 2012, sobretudo graças à multa de 1100 milhões de euros que lhe foi imposta pelo envolvimento no esquema de manipulação das taxas de empréstimo interbancário, as Libor e Euribor.

Mas os prejuízos do último trimestre de 2012 não atrasaram o processo de reestruturação de funções do UBS. O banco suíço quer alterar a sua posição no sector financeiro e afastar-se do papel de banco de transacções financeiras, onde perdeu cerca de 36 mil milhões de euros.

Como explica a Reuters, o UBS quer voltar às raízes de banco comercial. Neste processo de reestruturação, o banco anunciou em Outubro que iria despedir cerca de 10 mil trabalhadores durante os próximos três anos e tem vindo a reduzir substancialmente a liquidez da carteira de investimentos; operações que tiveram também um contributo para o desempenho do banco no final de 2012.

O banco já havia alertado os investidores de que haveria perdas consideráveis à custa do processo de manipulação das taxas de empréstimo interbancário, mas o UBS mostrou sinais positivos nas receitas dos mercados de capital, que subiram 14% no quarto trimestre.

De acordo com a Reuters, estas receitas foram contrapostas com um corte de 19% nas receitas de transacções de produtos financeiros de alto risco; facto que se prende não só com a mudança de papel do banco, mas também com novas regras para o comércio de capital.

O UBS alterou também o sistema de pagamento de bónus. Os bónus de 2012 aos altos cargos do banco suíço passam agora a ser entregues em obrigações do banco, o que liga o valor desses bónus ao desempenho do banco.

UBS anuncia autofinanciamento

De forma a aliviar os custos de financiamento durante o processo de mudança de banco de investimentos para banco comercial, o UBS anunciou um programa de compra própria de dívida no valor de quase 28,5 mil milhões de euros. Porém, o banco suíço alertou para a possibilidade de este programa levar a um agravamento das contas durante o primeiro trimestre de 2013, escreve o Financial Times. Caso isto se venha a verificar, o maior banco suíço registará três trimestres consecutivos de prejuízos.

Citado pelo Financial Times, o presidente executivo do UBS, Sergio Ermotti, afirmou que os resultados do banco são um “duro alerta” para aquilo que pode acontecer quando um banco não consegue igualar os requisitos mais altos. Tal como no rescaldo do anúncio da multa de 1100 milhões no caso de manipulação das taxas de referência, Sergio Ermotti repetiu que o UBS está a lidar com “os erros do passado”.