Turismo impulsiona crescimento de 6,5% das exportações de serviços

Excedente entre exportações e importações de serviços dá folga à balança comercial portuguesa.

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Até Setembro, as viagens e turismo contribuíram com 7160 milhões de euros para as exportações de serviços Paulo Pimenta

As exportações de serviços registaram, nos nove primeiros meses do ano, um crescimento mais acentuado do que as vendas de mercadorias, graças sobretudo ao contributo do turismo, dando um forte contributo para o saldo positivo na balança comercial.

Até Setembro, os serviços contabilizados aumentaram 6,5% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando 15.483 milhões de euros, segundo dados publicados nesta quinta-feira pelo Banco de Portugal.

O balanço entre exportações e importações de serviços é positivo e compensa o défice que se registava até Setembro na balança de bens, beneficiando assim as contas da balança comercial, que no conjunto do ano de 2012 já apresentou um excedente de 111 milhões de euros, o primeiro desde 1943, resultado do crescimento das exportações e da queda das importações num momento de forte contracção do consumo interno e do investimento.

Ao todo, nos nove primeiros meses deste ano, Portugal exportou 15.483 milhões de euros em serviços e importou 7935 milhões, o que representa um excedente de 7548 milhões.

As viagens e turismo contribuíram com 7160 milhões, ao apresentarem um crescimento de 7,3% em relação aos nove primeiros meses do ano passado. São o grupo que mais contribui para os serviços exportados, seguindo-se os transportes, que totalizaram 4266 milhões de euros, mais 4,3% do que até Setembro de 2012.

Nos serviços fornecidos por empresas, o aumento foi de 6,3%, para 3624 milhões de euros, sendo, deste montante, 446 milhões em serviços de construção e 71 milhões em seguros. Mais expressivo foi o crescimento nos serviços culturais, recreativos e “de natureza pessoal”, que, sendo um segmento com muito menor expressão, aumentou 11,5%, de 194 milhões de euros de Janeiro a Setembro do ano passado para 216 milhões em igual período este ano. A estes números somam-se ainda 217 milhões de euros em serviços relativos a operações governamentais, que cresceram 22,9%.

As vendas de mercadorias ao exterior continuaram a aumentar e somaram um crescimento de 4% até Setembro (perto de 35.420 milhões de euros), enquanto as importações, embora estagnadas, continuaram a ser superiores (nos 42.112 milhões). Assim, na balança dos bens, registava-se até Setembro um saldo negativo de 6693 milhões de euros. Este montante resulta de dados apurados pelo Instituto Nacional de Estatística, que apenas apresenta dados para os bens (e não para os serviços), embora com uma metodologia de cálculo distinta da do banco central.

Só nos primeiros meses do próximo ano será possível conhecer o saldo da balança comercial, quando o Banco de Portugal der a conhecer esses dados para todo o ano de 2013. Para já, e tendo em conta os valores do INE e do banco central apurados até Setembro, o comportamento dos serviços compensou o saldo negativo que ainda permanece do lado dos bens.

No que toca às mercadorias, o maior crescimento das vendas para o estrangeiro está nos combustíveis (29,7% no terceiro trimestre). Mas porque a sua componente importada é alta (mais de 80%), esse efeito pode, a prazo, limitar as próprias exportações. O Conselho de Finanças Públicas alertou recentemente para esse risco. Não sendo Portugal um país de petróleo, dizia, as exportações de combustíveis estão mais vulneráveis à procura interna. E caso esta venha a aumentar, Portugal terá de responder ao mercado interno, podendo perder fôlego nas vendas de combustíveis ao exterior, dada a “limitação da [sua] capacidade produtiva instalada.
  
  
 

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