Teixeira dos Santos quer que Bruxelas deixe de ser um “elemento desestabilizador”

A Comissão tem um “preconceito ideológico contra a cor política” do Governo, diz o ex-ministro das Finanças

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Fernando Teixeira dos Santos foi ministro das Finanças entre 2005 e 2011 Enric Vives-Rubio

O antigo ministro das Finanças Fernando Teixeira dos Santos apelou esta segunda-feira a que a que a Comissão Europeia deixe de ser um "elemento desestabilizador constante", considerando que se está a perder "demasiado tempo" em torno da eventual aplicação de sanções.

"Temos de colocar um fim ao ambiente de incerteza que nos tem afectado. Estamos a despender imensas energias para discutir se sim ou não, se o Governo funciona ou não funciona. Estamos a discutir imenso se a União Europeia vai ou não vai aplicar sanções a Portugal. Estamos a discutir, e a perder imenso tempo, se os programas de Estabilidade e Nacional de Reformas são ou não aceites a nível europeu. E enquanto andamos nisto, desfocamo-nos do que é importante", afirmou o antigo ministro socialista.

Teixeira dos Santos falava numa conferência organizada pela UGT, sobre cenários macroeconómicos e o futuro da economia portuguesa, em Lisboa, e defendeu que "é importante que, de uma vez por todas, fique clarificado esse quadro de governação de Bruxelas".

"Não podemos ter aí um elemento que desestabilize constantemente os Estados e as suas expectativas", salientou, considerando que "é importante que se ultrapasse o mais rapidamente essas incertezas".

Para o ex-ministro, os números da execução orçamental de Abril podem ajudar a "dissipar as dúvidas quanto à capacidade de o Governo levar a cabo e atingir as suas metas".

Fernando Teixeira dos Santos admite que "os próximos meses vão ser decisivos para que a sociedade e a economia portuguesa ganhe ou não confiança", numa altura em que será necessário também "acalmar um pouco o ruído de Bruxelas".

Questionado sobre de onde vem a responsabilidade de uma eventual aplicação de sanções a Portugal, Teixeira dos Santos, apontado como futuro presidente do banco BIC, admitiu que o facto de o governo anterior ter falhado a meta de redução do défice do ano passado "não abona para a credibilidade de Portugal".

Além disso, o economista considera que existe "algum preconceito ideológico em Bruxelas relativamente à cor política deste Governo".

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