TAP diz “estar fora de questão” transferir parte da operação para o Montijo

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Daniel Rocha

A TAP vê com bons olhos a solução de um aeroporto complementar no Montijo para aumentar a capacidade do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, mas diz “estar fora de questão” transferir parte da sua operação para a outra margem.

Em declarações à agência Lusa, o porta-voz da empresa, André Soares, explicou que a TAP é a única companhia que opera no aeroporto Humberto Delgado no esquema de hub, isto é, como plataforma de transferência de passageiros.

“Ou seja, nós trazemos passageiros das américas e de África para a Europa, chegam a Lisboa e apanham outros voos para outros destinos na Europa, 60% do tráfego da TAP é para este tipo de passageiros”, disse.

Por esta razão, para a TAP, “está fora de questão transferir parte de operação no Montijo e manter outra parte em Lisboa, porque isso não permitiria dar resposta as necessidades de tráfego da companhia”.

Segundo o responsável, hoje em dia o crescimento da TAP torna-se “cada vez mais difícil” no aeroporto Humberto Delgado “por limitações várias e porque o aeroporto está muito perto do seu esgotamento”.

“Tudo o que seja cumprimento daquilo que é a estratégia da TAP que é crescer, ter cada vez mais voos e mais passageiros é cada vez mais difícil. A capacidade está quase no limite, sempre que queremos acrescentar rotas ou crescer em determinados horários para melhor servir os passageiros torna-se difícil”, disse.

A TAP defende assim “há vários anos” uma solução para este problema que impede que a companhia aérea cresça de acordo com aquilo que pretende fazer.

“O aeroporto do Montijo, a confirmar-se essa possibilidade, responde a esta necessidade que existe de maior capacidade aeroportuária na região de Lisboa, uma vez que a actual infra-estrutura já não tem a capacidade necessária para o actual movimento de passageiros”, referiu.

O Governo e a ANA - Aeroportos de Portugal, gerida pela Vinci Airports, assinam nesta quarta-feira um memorando de entendimento que visa "estudar aprofundadamente" a solução de um aeroporto complementar no Montijo para aumentar a capacidade do aeroporto de Lisboa.

O acordo de entendimento é assinado depois do aeroporto de Lisboa ter ultrapassado os 22 milhões de passageiros em 2016.

O primeiro-ministro afirmou na passada quarta-feira que uma decisão definitiva sobre a localização do futuro aeroporto no Montijo está condicionada à conclusão de um relatório sobre o impacto da migração de aves naquela zona, nomeadamente para a segurança migratória.

"Temos acordado com a ANA que é necessário aprofundar o estudo relativamente à solução que aparenta viabilidade, que é a do Montijo, mas é uma viabilidade que está condicionada ainda a dados que só poderemos ter no final do ano, designadamente sobre o impacto de ser uma zona de migração de pássaros", afirmou António Costa.

O chefe do executivo falava no debate quinzenal no Parlamento, em resposta à presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, que o questionou sobre o futuro aeroporto de Lisboa, reiterando que a Assembleia da República tem pedido estudos que não têm sido enviados.

"O resultado sobre esse impacto, sobre a migração dos pássaros, só pode estar concluído no final do ano. Não permitirá decisões definitivas até essa altura, mas permite concentrar a nossa avaliação relativamente a uma das várias soluções possíveis e ir desenvolver o trabalho nesse sentido", afirmou ainda António Costa, sublinhando que a "segurança aeronáutica" pode conflituar com esse percurso migratório de aves, que passa pelo Montijo.

Já na quinta-feira, o ministro do Planeamento e das Infra-estruturas garantiu que “não há adiamento” da parte do Governo em relação ao projecto do novo aeroporto no Montijo, quando questionado sobre as declarações do primeiro-ministro.

“Não há adiamento de natureza nenhuma, nós vamos dar passos próximos para o desenvolvimento do projeto. O projecto tem várias etapas e uma das etapas é exaxtamente aquela que, espero eu, que nos próximos dias ou nas próximas semanas será dada. Em breve terão conhecimento do que se trata”, disse Pedro Marques.

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