Takargo ultrapassou um milhão de toneladas transportadas em 2015

Transportadora ferroviária do grupo Mota Engil diz não temer a concorrência da Medlog

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Patrícia Martins

O nascimento da Medlog, que sucede à recém-privatizada CP Carga, constitui para a Takargo “uma oportunidade para fazer melhor”, diz Miguel Lisboa, administrador da transportadora ferroviária de mercadorias do grupo Mota Engil.

Questionado pelo PÚBICO acerca do aparecimento de um novo operador totalmente privado no mercado, o administrador diz que “é uma oportunidade haver uma concorrência sã e podermos em conjunto dar as melhores e mais competitivas soluções ao mercado”.

A antiga CP Carga, agora gerida por Carlos Vasconcelos, anunciou que pretende tornar-se no maior operador ferroviário da Península Ibérica, mas para já, a Takargo tem uma maior quota de penetração no mercado espanhol do que a Medlog. O seu tráfego internacional representa 80% da produção, com várias rotas entre a Galiza e Portugal e outras que ligam o Entroncamento, Penalva e Valongo a destinos no lado mediterrânico da península.

A Takargo trabalha em parceria com a operadora espanhola Comsa. Juntas formam a Ibercargo, entidade que realiza os comboios entre os dois países, usando indistintamente a frota de locomotivas e vagões das duas empresas. A utilização de locomotivas diesel interoperáveis é uma das suas vantagens competitivas porque os comboios não precisam de mudar de máquina na fronteira, podendo circular sem problemas nos dois países.

Em 2015 a Takargo facturou 10 milhões de euros e ultrapassou um milhão de toneladas transportadas, no que constituiu um recorde. Entre 2012 e 2014 transportara entre 880 a 930 mil toneladas.

Em Março deste ano a empresa iniciou o transporte de jet fuel para a Galp desde a refinaria de Sines para Faro (o destino é o terminal de Loulé de onde é feito transbordo rodoviário das cisternas para o aeroporto). Uma operação que pertencia à CP Carga, mas que passou agora para os comboios da Takargo. Carlos Vasconcelos, administrador da Medlog, já fez saber que não vai tentar recuperar este tráfego, preferindo centrar-se em novos mercados em vez de disputar quota com o seu concorrente da Mota Engil.

Também no território nacional, a Takargo iniciou a 10 de Maio a circulação de comboios de contentores entre Lisboa e o porto de Leixões. Um tráfego praticamente novo, uma vez que os produtos transportados por esta empresa são maioritariamente madeiras, papel e siderúrgicos (sucata).  

Takargo e Medlog dizem-se ambas interessadas no transporte de minério de Moncorvo, caso avance aquele projecto mineiro no nordeste transmontano. Carlos Vasconcelos disse ao PÚBLICO que se trata de um mercado muito interessante, mas que só valerá a pena se a Infraestruturas de Portugal (ou a própria empresa mineira, a MTI) investir na modernização da linha do Douro. Por sua vez, Miguel Lisboa diz que a Takargo já fez uma “primeira aproximação”. “Estamos interessados em desenvolver soluções logísticas criativas que garantam a competitividade da mina”, sublinhou.

A MTI – Ferro de Moncorvo SA prevê transportar nos primeiros cinco anos de exploração entre 500 a 750 mil toneladas de minério, um valor que atingirá os 2,2 milhões de toneladas quando a mina estiver em velocidade de cruzeiro. 

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