Standard & Poor’s alerta para risco de explosão social na zona euro

O nível de desemprego elevado em países como Portugal não favorece o "consenso social", adverte a agência de rating.

Foto
Na zona euro, o desemprego aproxima-se dos 12% Miguel Manso

A agência de rating Standard & Poor’s alerta para o perigo de explosão social na Europa, por causa do elevado nível de desemprego em países como Portugal, Espanha ou Itália.

No caso português e espanhol, diz Torsten Hinrichs, responsável da agência de rating na Alemanha, os cidadãos demonstraram estar disponíveis para medidas de austeridade, mas isso pode não continuar para sempre. “O desemprego elevado em Espanha, Itália e França é socialmente explosivo”, afirmou Hinrichs ao jornal alemão Neue Osnabrücker Zeitung, que a Reuters cita.

Em Espanha, a taxa de desemprego chegou, em Janeiro, a 26,2% da população activa, um nível de desemprego muito próximo do registado na Grécia, cujas estatísticas mais recentes, de Novembro, apontam para uma taxa de 27%. Portugal tem a terceira taxa mais alta no espaço da moeda única. Em Janeiro, a taxa oficial de desemprego situava-se em 17,6%. O desemprego na zona euro aproxima-se dos 12%, um patamar do qual a Itália está próximo (entre a população activa italiana, 11,7% estavam em Janeiro fora do mercado de trabalho).

Para o analista da Standard & Poor’s, deve haver nos países em dificuldades “consenso social” em relação a medidas que representem poupança para o Estado, mas o nível de desemprego elevado “não ajuda”.

A Standard & Poor’s melhorou no início de Março a perspectiva sobre a solvabilidade da dívida soberana portuguesa. Depois de a zona euro dar luz verde à extensão dos prazos dos reembolsos dos empréstimos europeus, a agência manteve a nota de crédito em BB, um nível de investimento especulativo, mas colocou o rating português em perspectiva “estável”, em vez de “negativa”, como até agora.

Torsten Hinrichs pronuncia-se ainda sobre o caso de Itália, onde, face à incerteza política vivida desde as eleições legislativas, entende que o novo executivo poderá não ser forte o suficiente para aplicar “as reformas necessárias” para promover o crescimento. Esta opinião surge menos de uma semana depois de o primeiro-ministro do Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, ter dito que acreditava existir um risco de "revolta social" na Europa.
 
 
 
 

Sugerir correcção
Comentar