Sinais positivos reforçam expectativa de 2017 melhor que o previsto

Com o resto da Europa a ajudar, a economia continuou no segundo trimestre a beneficiar de um clima de optimismo interno e forte desempenho das exportações.

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Daniel Rocha

Depois de ter acelerado para o ritmo mais forte do milénio no arranque de 2017, a economia portuguesa continuou durante o segundo trimestre a dar sinais positivos tanto na frente externa como interna, fazendo antecipar a manutenção de uma taxa de crescimento elevada do Produto Interno Bruto (PIB) que confirme que as projecções iniciais do Governo para 2017 poderão ser claramente superadas. Os primeiros resultados oficiais irão ser apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) nesta segunda-feira.

A tendência de aceleração da economia portuguesa instalou-se a partir da segunda metade do ano passado.  Na primeira metade de 2016, não se passou de uma taxa de variação homóloga de 0,9%, mas aquilo que se passou a seguir surpreendeu a generalidade dos analistas. No terceiro trimestre do ano passado atingiu-se 1,7%, no quarto trimestre 2% e, finalmente, 2,8% nos primeiros três meses deste ano, o que constituiu o melhor resultado desde o ano 2000. Em cadeia, o crescimento do PIB no primeiro trimestre foi de 1%, tornando desde logo claro que a previsão de crescimento de 1,8% para 2017 apresentada pelo Governo no Orçamento do Estado era demasiado prudente.

Agora, no momento em que a primeira estimativa para o PIB do segundo trimestre vai ser conhecida, a dúvida que se coloca é se a economia portuguesa terá sido capaz de manter, ou pelo menos ficar próxima, do ritmo dos nove meses anteriores.

As entidades que fazem previsões para as taxas de crescimento trimestral apostam num cenário de abrandamento na variação do PIB em cadeia, mas a um nível suficientemente alto para garantir que a taxa de variação homóloga se mantém igual ou acima dos 2,8% do primeiro trimestre.

De acordo com as informações recolhidas pela agência Lusa junto dos gabinetes de estudos da Universidade Católica, ISEG, BBVA e Montepio, as previsões para o crescimento do PIB em cadeia vão de um mínimo de 0,3% até a um máximo de 0,7%. Com todos estes resultados - mesmo sendo um abrandamento face à variação de 1% no primeiro trimestre - a taxa de crescimento homólogo seria pelo menos de 2,8%, podendo no cenário mais optimista chegar aos 3,3%.

A ser assim, estar-se-ia perante um crescimento na primeira metade do ano próximo dos 3%, que tornaria muito improvável, por causa do efeito base existente, qualquer cenário em que a economia acabasse por ficar abaixo dos 2% na totalidade do ano.

O motor das exportações

Os sinais de que a economia continuou a apresentar um bom desempenho durante o segundo trimestre têm sido evidentes nos indicadores publicados ao longo dos últimos meses. Nas exportações, que têm sido o principal motor do arranque da economia, manteve-se um desempenho elevado. Com a economia europeia a ajudar e Portugal a continuar a ganhar quotas de mercado, o crescimento durante o primeiro semestre ao nível das vendas de mercadorias foi, em termos nominais, de 12,1%, um abrandamento face aos 17,1% do primeiro trimestre, mas ainda assim um desempenho muito forte. E nos serviços, com a ajuda essencial do turismo, não há sinais de desaceleração.

A preocupação no comércio internacional vem das importações, que durante este ano, ao contrário do que aconteceu no final do ano passado, estão a aproximar-se do crescimento das exportações ao nível das mercadorias, reduzindo o contributo positivo líquido da procura externa.

Esse aumento das importações, contudo, é ao mesmo tempo um sintoma daquilo que pode estar a acontecer ao consumo e ao investimento. Este último indicador voltou a crescer a um ritmo elevado no primeiro trimestre e existe a expectativa de que essa tendência se mantenha. O consumo privado está a ter um comportamento mais moderado, mas não há sinais de enfraquecimento.

A procura interna está sustentada num ambiente de forte optimismo tanto entre os consumidores como entre as empresas, com os índices de confiança a atingirem novos máximos históricos.

Já na semana passada, o mercado de trabalho voltou a dar indicações de que a actividade económica segue a bom ritmo. Criaram-se, no espaço de três meses entre Abril e Junho, mais 102 mil postos de trabalho. É certo que este resultado aconteceu com a ajuda dos chamados empregos de Verão, que fazem com que o segundo trimestre do ano seja sempre aquele em que a taxa de desemprego mais cai, mas é também evidente a crescente confiança que as empresas demonstram, investindo em mão-de-obra para fazer face à procura crescente.

Entre os organismos consultados pela Lusa, o mais optimista foi o Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica, que aposta num crescimento de 0,7% no segundo trimestre. Na nota em que explica estas estimativas, afirma que por trás deste resultado estão “o crescimento mais forte da economia na zona euro, os efeitos desfasados da política orçamental do ano passado e, ainda, os sinais claros de recuperação cíclica da economia portuguesa”. 

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