Siemens vai gerir novo sistema de tratamento de dados dos contadores da EDP

Empresa de engenharia vai fornecer 800 mil novos contadores inteligentes à EDP Distribuição.

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Reuters/TOBIAS SCHWARZ

A Siemens assinou dois contratos com a EDP Distribuição que a vão converter na gestora do novo sistema central de tratamento dos dados provenientes dos contadores de electricidade e, em simultâneo, na maior fornecedora dos contadores inteligentes que serão instalados em casa das famílias e empresas portuguesas nos próximos dois anos.

Em causa estão “várias dezenas de milhões de euros, entre os dois contratos” assinados com o operador da rede de distribuição, afirmou esta terça-feira o responsável pela divisão de Energy Management da Siemens Portugal, Fernando Silva, num encontro com a imprensa.

Sem querer detalhar o valor de cada negócio, Fernando Silva assumiu que aquele que tem mais peso é o do fornecimento dos novos contadores à EDP Distribuição. Entre os novos contadores que a empresa liderada por João Torres passará a instalar “de forma generalizada” por todo o país, nos próximos dois anos, 800 mil terão o cunho Siemens Portugal, frisou o gestor. Graças a este contrato, no final de 2018, a Siemens Portugal deverá contar com uma “quota de mercado superior a 60%” nos contadores inteligentes, frisou Fernando Silva, no encontro desta terça-feira.

Os equipamentos que estão a ser produzidos pela multinacional suíça Landis + Gyr interagem com o software Energy IP da Siemens. Segundo a empresa, esta tecnologia “recolhe, processa e analisa os dados fornecidos pelos contadores, transformando-os em informação relevante que a EDP poderá utilizar para prever consumos, definir novas estratégias de negócio e modelos de facturação ou disponibilizar novos serviços aos seus clientes”. A meta da EDP é, segundo a Siemens, atingir 1,5 milhões de contadores até 2018.

Este tipo de aparelhos também possibilitará “introduzir mais transparência” na relação com os consumidores, permitindo mais precisão na facturação, e pondo fim a questões como “estimativas incorrectas ou leituras mal dadas”, exemplificou Fernando Silva.

Sem precisar o custo unitário dos equipamentos, Fernando Silva assumiu que os 30 euros que já têm sido mencionados pela EDP Distribuição podem ser considerados “um valor de referência”. O gestor assegurou que os novos leitores são “muito competitivos” e “não vão onerar a tarifa dos consumidores”, ainda que tenha recordado que o enquadramento regulatório relativo aos contadores de nova geração está em aberto.

Até à data, o modelo regulatório tem impedido que o custo total com os contadores vá à tarifa dos consumidores de electricidade: o contador não é contabilizado como custo do sistema, ao contrário dos dois outros elementos: o disjuntor e a unidade de comunicação, explicou.

Tratando-se de três elementos que vêm numa Energy Box (o nome que tem sido dado pela EDP a esta solução de nova geração), o gestor diz desconhecer de que forma será enquadrado pelo modelo regulatório que vier a ser definido para os contadores de nova geração.  A EDP Distribuição tem vindo a instalar milhares de equipamentos inteligentes, sem que essa susbtituição esteja enquadrada por uma medida de política energética. O secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, que está a aguardar um estudo da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) sobre o custo de renovar todo o parque de contadores no país, tem repetido que a instalação de contadores inteligentes não irá onerar os consumidores de electricidade.

“Este é um dos maiores contratos [de fornecimento de contadores] a nível global” assumiu Fernando Silva, explicando que são raros os mercados em que, como em Portugal, existe um único operador da rede de distribuição.

Tratamento de dados centralizado

Por outro lado, ao nível do novo sistema central que fará o tratamento dos dados provenientes dos contadores (designado pela EDP como Energy Data Manager) de electricidade, “e eventualmente um dia, de gás”, Fernando Silva adiantou que será compatível com qualquer equipamento (não só os da Siemens). Além disso, também “vai ser capaz de gerir a informação dos leitores electromecânicos” que ainda estão instalados, até que toda a reconfiguração do parque se faça. Adiantando que o contrato com a EDP tem a duração de seis anos, o gestor explicou que até ao final do ano deverão estar ligados a este sistema cerca de 650 mil contadores. Depois disso, a meta é que os 6,2 milhões de clientes da EDP Distribuição já estejam abrangidos.

Este sistema de gestão das leituras também comunicará com o novo operador logístico de troca de comercializador de energia (OLMC), baptizado com o nome de Poupa Energia e que funcionará sob gestão da Adene - Agência para a Energia. Tudo isto será feito de forma gradual, frisou Fernando Silva, até porque o OLMC já foi criado do ponto de vista legal, mas não é certo quando entrará em operação, nem quais serão os moldes de funcionamento.

Afirmando que o objectivo da Siemens passa por exportar esta solução, o responsável da Energy Management Division da Siemens Portugal explicou que a empresa espera conseguir ir à boleia da EDP para mercados em que a eléctrica está presente, como o Brasil e Espanha.

 

 

 

 

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