Dona do Multibanco confirma procura de parceiro estratégico

A Sibs, sociedade que gere a rede Multibanco, está à venda e contratou o Deustche Bank para gerir o processo de escolha de um investidor de referência. Há vários interessados, entre fundos e fintechs.

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Vítor Bento é agora o presidente não-executivo da gestora da rede Multibanco DANIEL ROCHA

A Sociedade Interbancária de Serviços-Sibs vai contratar o Deutsche Bank para apoiar os seus accionistas, os bancos, na reorganização do capital e na selecção de um sócio estratégico para investir na instituição que gere a rede de caixas multibanco e os terminais colocados nas lojas.

O PÚBLICO confirmou junto do presidente não executivo Vítor Bento que a Sibs vai arrancar nos próximos meses com um processo de consulta e de selecção de um investidor de referência para ajudar ao seu reposicionamento no quadro do sistema único de pagamentos europeu. O conselho de administração (não executivo) reuniu esta segunda-feira para debater o tema e, de uma lista de três nomes, elegeu o Deutsche Bank para redefinir o modelo de reestruturação, calendarizar a operação e avaliar a credibilidade das propostas que vierem a ser entregues. 

E está tudo em aberto: a venda de 100% das acções a um parceiro estratégico; a venda do controlo da Sibs, mantendo-se a banca minoritária; cruzamento de participações; acordos de cooperação.

No último ano, já chegaram a Vítor Bento várias manifestações de interesse de fundos e de sociedades do sector, as fintechs (que juntam finanças com tecnologia). Entre os nomes que têm sido mencionados estão fundos ingleses, representados por Luís Janeiro, ex-CTT e fundador da PayShop e PayUp (forma de pagamento por via electrónica) e fundos norte-americanos e nórdicos, alguns ligados ao ex-ministro da Economia, Pires de Lima. Há ainda rumores não confirmados de que a gestão da Sibs pode estar a equacionar avançar com uma MBO (compra da instituição pelos quadros).

No limite, se nenhuma das ofertas for considerada credível, manter-se-á tudo como está. Mas esta é a via menos provável, na medida em que os grandes accionistas já comunicaram que deixar a Sibs (que tem as marcas Multibanco, MB Net, MB Way) está nos seus planos “por não ser um activo estratégico”.

Mas esta via tem obstáculos pela frente, pois os accionistas da Sibs estão amarrados a uma regra estatutária criada para salvaguardar a coesão cooperativa, ou seja, só podem vender as suas posições com o consentimento de dois terços da assembleia-geral. E na AG não há unanimidade quanto ao futuro, pois alguns bancos mais pequenos não colocam entraves a permanecerem no capital e outros admitem ficar com menos acções. Mas os desafios da evolução digital, no contexto de um sistema único de pagamentos europeu, exigem economias de escala e os grandes bancos procuram tirar partido da vaga de concentração que pode vir a juntar várias entidades que prestam serviços ao sistema bancário.   

A venda da Sibs e a entrega do processo ao Deutsche Bank já tinha sido avançada pelo PÚBLICO no passado dia 26 de Maio, mas estas informações foram prontamente desmentidas pela empresa. Nessa altura, a comissão executiva, chefiada por Madalena Tomé, veio em comunicado garantir taxativamente que a Sibs “não está à venda”, nem “existe qualquer processo a decorrer neste sentido” nem houve lugar à adjudicação de “qualquer entidade financeira para assessorar a venda da empresa”. Declarações que não traduziam a realidade.

Desde 2016 que a SIBS é alvo de apetite por parte de fundos de investimento, que pretendem adquirir a empresa, intenções que são do conhecimento da gestão bem como dos grandes bancos sentados na administração: BCP, Novo Banco, CGD, BPI, Santander Totta e  Montepio Geral.  

E foram estas movimentações que explicaram que, no último trimestre do ano passado, Vítor Bento se tenha dirigido, por escrito a um grupo alargado de potenciais investidores a solicitar detalhes sobre eventuais propostas. O objectivo era fazer alinhar as informações de um possível interesse para as poder apresentar aos accionistas.

Criada em 1982, para gerir o sistema de pagamentos com cartões, fazer o controlo do tráfego e a monitorização das transacções, a empresa tem apostado no desenvolvimento das tecnologias, de que o sistema Via Verde é um exemplo. Em 2016, a Sibs registou lucros de 45,4 milhões de euros,  42 4 milhões resultaram do encaixe da venda da posição no Visa.  A empresa vai distribuir pelos seus accionistas 35 milhões de euros de dividendos. 

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