Schäuble bloqueia os cinco Presidentes

Dijsselbloem foi ao Parlamento Europeu. Para quem aí não presta contas, nem a nenhuma instituição europeia é inédito. Será histórico, se a Comissão garantir controlo democrático e evitar a fragmentação da representação externa da zona euro. No debate conjunto sobre a União Económica e Monetária (UEM) – promessas à parte – pouco se avançou. Sem agregar o euro à capacidade orçamental própria da UEM é difícil responder a choques assimétricos nos Estados-membros ou prevenir tais ocorrências. É urgente concluir a União Bancária (UB) constituindo, a dois tempos os pilares em falta, uma linha de crédito que sustente o Fundo de Resolução, evitando o seu esgotamento, e o Mecanismo Europeu de Garantia de Depósitos, que possibilite ao Mecanismo Europeu de Estabilidade a capitalização directa da banca. Mas o projecto encalha. Schäuble bloqueia. Acha que é prioritário vigiar orçamentos e avaliar desequilíbrios macroeconómicos nos países deficitários, não interferindo nos excedentários. O Relatório dos Cinco Presidentes fica no tinteiro. Funciona a supervisão bancária, o Fundo de Resolução passa a ser financiado por crédito nacional, o "resseguro" pode substituir a garantia de depósitos. Os prazos caiem, o risco sistémico dos bancos regressa, não resistindo à possível contaminação por títulos de dívida pública. O six-pack e o two-pack não chegam. Demonstra-se serem necessários esforços adicionais, margem de manobra para a supervisão parlamentar e reequilíbrio da governação socioeconómica no Semestre Europeu. A rejeição de Schäuble para completar a UB coloca em risco o projeto político do euro, Dijsselbloem desvaloriza, não há motivos para olhar o euro com cepticismo. Será?

Economista

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