Receitas do turismo superam os mil milhões de euros por mês desde Março

Sector está a bater novos recordes, impulsionado pelo crescimento de mercados alternativos, como a Polónia, Canadá e República Checa. Só em Junho os gastos dos estrangeiros atingiram 1029 milhões de euros.

Foto
O turismo descobre o Porto com a ajuda das companhias low cost Fernando Veludo/nFACTOS

As receitas turísticas atingidas num único mês em Portugal já ultrapassaram a fasquia dos mil milhões de euros, um resultado que nunca antes tinha sido atingido. Desde Março que o Banco de Portugal tem vindo a precisar de quatro dígitos para apontar os proveitos do sector: 1019 milhões de euros nesse mês, 1013 milhões em Abril, 1023 milhões em Maio e 1029 milhões em Junho. Pode dizer-se que a “época alta” começou relativamente cedo este ano, com o arranque das férias da Páscoa, que em 2016 aconteceram em Março. E o ritmo de crescimento da actividade turística tem-se mantido deste então.

“Nem no Europeu de Futebol organizado por Portugal no ano de 2004 se atingiu este volume de receitas”, disse ao PÚBLICO o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo. Em 2004, um ano considerado extraordinário, as receitas ficaram-se pelos 641 milhões de euros em Junho. Em 2009, a fasquia estava nos 563 milhões no mesmo mês. O valor praticamente duplicou em sete anos.

“Estamos todos de parabéns”, sublinhou o presidente do Turismo de Portugal, para logo a seguir argumentar que não só as “estratégias de divulgação do produto turístico português têm sido acertadas”, como “os empresários e agentes turísticos se têm empenhado em proporcionar uma boa experiência aos seus visitantes”. “É uma vitória de todos, entidades públicas, operadores privados. São resultados que nos deixam muito felizes, mas que não nos permitem que fiquemos descansados. Há sempre muito trabalho para fazer”, afirmou.

Itália lidera subida

Os dados do Banco de Portugal divulgados na segunda-feira mostram que os 1029 milhões de euros de receitas turísticas atingidos em Junho, um valor que agrega os gastos feitos por turistas estrangeiros em Portugal e que conta como exportações, representam uma subida de 10,4% face ao mesmo período do ano passado.

As estatísticas cedidas ao PÚBLICO pelo Turismo de Portugal adiantam ainda que a maior fatia das despesas efectuadas em território nacional partiu de visitantes do Reino Unido (215,8 milhões), seguindo-se França (160,4 milhões) e Alemanha (118,9 milhões). No entanto, o maior crescimento foi protagonizado pelos italianos (28,7%).

Numa análise mais detalhada às estatísticas, cruzando os dados do Banco de Portugal com os que já tinham sido divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, com uma análise ao número de hóspedes e de dormidas e ao rendimento por quarto (RevPar), é possível verificar que os proveitos globais da hotelaria aumentaram para 294 milhões de euros em Junho, o que encerra uma taxa de crescimento de 15,2 %. E, em termos acumulados, com dados relativos ao período de Janeiro a Junho, as taxas de crescimento são igualmente expressivas: 10,8% em termos de número de hóspedes, 11,2% em número de dormidas, 12,9% de aumento no RevPar. Aumentou a procura e aumentaram os preços e subiram os proveitos globais: 16,5% de crescimento no semestre, contabiliza o Turismo de Portugal.

 “São números muito satisfatórios e que confirmam a tendência positiva que temos vindo a sentir. Ainda não entrámos [em termos estatísticos] nos meses de Verão, em que sabemos que esta tendência se vai manter. Agora estamos a trabalhar para que ela se possa prolongar e estender-se também aos meses de Outubro e Novembro”, afirmou Luís Araújo.

Alguns dados curiosos revelados por todos estes cruzamentos estatísticos permitem perceber que a região norte é a que verifica uma maior taxa de crescimento nos proveitos globais dos hotéis do continente: 112 milhões de euros face ao mesmo período de 2015, após um acréscimo de 24,7%. No Algarve, a variação também supera os 20%, com 300 milhões de euros de saldo nos meses de Janeiro a Junho deste ano, face a 2015. Na região centro a taxa de variação atingida neste período é de 14,9%, no Alentejo é de 13,9%, na Área Metropolitana de Lisboa é de 10,2%.

A taxa de variação dos proveitos globais é muito expressiva na região autónoma dos Açores, atingindo os 35,7%, mas parte de uma base bem mais pequena: o valor acumulado de Janeiro a Junho dos proveitos globais com a actividade hoteleira chegou a 27,6 milhões de euros no acumulado da primeira metade do ano.

Mercados pouco tradicionais

Em termos de hóspedes, os mercados que mais estão a contribuir para estes resultados continuam a ser o Reino Unido, Alemanha, França, Espanha e Holanda.  Estes cinco mercados concentraram 65% do total de dormidas de estrangeiros em Portugal entre Janeiro e Junho de 2016. Mas o presidente do Turismo de Portugal quis destacar o crescimento de outros mercados, porventura menos importantes em termos de dimensão, mas que revelam “um comportamento muito interessante no primeiro semestre deste ano”.

São eles a Polónia, que já registou um aumento do número de dormidas de 22,4% em 2015 e mantém no primeiro semestre deste ano essa tendência, a crescer 25,6%. Quase na mesma ordem de grandeza está o incremento dos turistas provenientes do Canadá (com uma taxa de variação de 24,7%, depois do crescimento de 15,3% em 2015) e da República Checa (com subidas de 24%, depois dos 9,2% do ano passado). Luís Araújo dá também o exemplo do Japão, com um crescimento de 19,8% no número de dormidas no semestre.

“Sentimos que tem havido uma curiosidade crescente relativamente ao nosso país. O que precisamos é de assegurar velocidade nas respostas e garantir que temos alguma presença na promoção nesses mercados, tanto nos tradicionais, nomeadamente nos 21 países onde o Turismo de Portugal tem delegações, como noutros mercados onde chegamos pelos meios digitais”, rematou o presidente do Turismo de Portugal. Com Raquel Almeida Correia

Sugerir correcção
Ler 52 comentários