Produção em série do novo modelo da Autoeuropa arranca em Julho

Construída há 25 anos, a fábrica de Palmela garante aumento de postos de trabalho. Próximos tempos “serão difíceis”, admite a Volkswagen.

Foto
Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa estiveram presentes na cerimónia PÚBLICO

Com a Volkswagen (VW) a tentar recuperar a confiança dos clientes depois do escândalo com as emissões poluentes, o novo modelo da marca alemã que será construído na Autoeuropa ganha novo significado. Esta sexta-feira, na cerimónia que assinalou os 25 anos da fábrica de Palmela, Thomas Ulbrich, membro do conselho de administração fabricante, não evitou o assunto. 

“Nos tempos que correm nem tudo corre sobre rodas. Ultrapassar esta crise tem custos porque implica recuperar a confiança dos consumidores", afirmou, perante uma plateia de convidados e trabalhadores. A construção do novo SUV, que será conhecido em Março no célebre Salão de Genebra, faz parte da estratégia de recuperação das vendas. "Com o novo automóvel que vão produzir [em Portugal] farão parte desta ofensiva que são os SUV. Os próximos tempos não serão fáceis mas apostamos aqui na Autoeuropa", disse.

Num evento onde tudo foi planeado ao milímetro –os repórteres de imagem, por exemplo, tiveram de usar protectores nas fivelas dos cintos e nos relógios para não danificarem acidentalmente nenhuma viatura – Miguel Sanches, o director-geral da fábrica, confirmou aos jornalistas que vai contratar mais mil trabalhadores para aumentar a produção no próximo ano. “Ainda é cedo para dizer exactamente quantas pessoas, mas serão seguramente acima de mil. Vamos passar a produzir acima 200 mil carros por ano. Agora, o máximo de produção anual foram 183 mil carros”, adiantou.

O novo modelo começa a ser fabricado em série no início do segundo semestre, mas Miguel Sanches garante que não sente pressão adicional da casa mãe devido ao problema com a fraude nas emissões. “A VW Autoeuropa sempre colocou muita pressão a si própria para fazer mais e o melhor possível Não há nenhuma pressão adicional com a questão da problemática do diesel”, garantiu.

Momentos antes, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa visitaram juntos a fábrica. E a presença desta “dupla”, como lhe chamou o Presidente da República, mostra bem a importância que a unidade da Volkswagen tem para a economia portuguesa. Marcelo disse que a comparência dos dois governantes é a prova do “reconhecimento e gratidão” do país a uma empresa que pesa 1% do PIB e é a segunda maior exportadora. Mas também confessou que “quem é Governo”, independentemente do partido, “sofre por uns tempos” perante a incerteza de produção de novos modelos. A oposição acompanha o executivo nessas dores e todos respiram de alívio quando há investimento confirmado, continuou.

Em Agosto do próximo ano haverá um novo veículo a sair da fábrica e Marcelo já fez a administração da Autoeuropa prometer que poderá fazer um test drive ao SUV.

No púlpito instalado na fábrica, e colocado junto aos quatro modelos que a unidade produz, ouviram-se elogios aos trabalhadores e ao “diálogo social”. “A concertação social faz-se todos os dias nas empresas”, disse Marcelo. “Cada um de vós [trabalhadores] contribui para o sucesso, mesmo que no dia-a-dia não seja tarefa fácil”, sublinhou Thomas Ulbrich, que também aplaudiu o “apoio político”. Miguel Sanches também destacou que os colaboradores “são o activo mais valioso”. E António Costa, enaltecendo a qualidade dos trabalhadores, admitiu que é “reconfortante ver que quem está há 25 anos [em Portugal] continua a investir. “O que desejo é estar aqui a celebrar os próximos 24 anos.”

Sugerir correcção
Comentar