Presidente do BPI diz que não tinha alternativa à cedência de controlo do BFA

Artur Santos Silva assumiu que BCE “forçou” a solução que resolve exposição do banco a Angola.

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Artur Santos Silva, ao lado de Fernando Ulrich, lamenta que capitais nacionais não consigam suportar exigências do banco Fernando Veludo/NFactos

O presidente do BPI, Artur Santos Silva, assumiu esta quarta-feira que o Banco Central Europeu (BCE) "forçou" a solução que vai resolver o excesso de exposição a Angola, que passa por uma cedência do controlo do BFA ao parceiro angolano, a Unitel, dominada pela empresária Isabel dos Santos.

No final da assembleia geral (AG) de accionistas que aprovou a desblindagem de estatutos do banco — uma decisão que permitirá o controlo do banco pelo Caixabank — Artur santos Silva não conseguiu esconder o desconforto com a solução para o BFA.

"O BPI não tinha alternativa que não fosse a desconsolidação do BFA [Banco do Fomento Angola]", afirmou, explicando que isso implica reduzir a sua participação de 50,1% para 48,1% e alterar o acordo de accionistas, que envolve a cedência de direitos políticos da participação. Na prática, a participação do BPI passa a ser meramente financeira, ou seja, receberá apenas resultados, sob a forma de dividendos.

Esta não era a proposta inicial da administração do banco, que pretendia separar os negócios, distribuindo aos accionistas a parte correspondente das acções do BFA, solução que a autoridade bancária europeia não aceitou. O mesmo aconteceu face à proposta da Unitel, que pretendia comprar mais 10% de capital do banco angolano, que permitiria ao BPI participar na gestão, mas que foi travada pelo BCE.

Questionado sobre a mudança de posição, já que agora o conselho de administração apresentou uma proposta que praticamente significa uma expropriação do BFA, Artur Santos Silva limitou-se dizer: "A vida muda." Apesar da cautela nas declarações, Santos Silva admitiu que o acordo proposto à Unitel "pressupunha a desblindagem de estatutos", que era também uma exigência do BCE.

Sobre o domínio espanhol, que a partir de agora passa a ser possível, com a viabilização da oferta pública de aquisição em curso, por parte do Caixabank, o chairman do banco assumiu que "infelizmente os capitais portugueses não conseguem suportar as exigências de uma instituição", referindo-se à diluição das participações accionistas nacionais, que representam apenas 5% do BPI. "Há muito tempo que esse sonho de muitos, e inclusive de mim próprio, não é possível", declarou.

 

 

 

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