Presidente do Bankinter confia no "potencial de crescimento" de Portugal

Processo de integração entre o Barclays Portugal e o Bankinter deverá estar concluído no final de 2016.

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Nome do Barclays apenas será substituído pelo do Bankinter no decurso de 2016 Foto: Shamila Mussa (arquivo)

É “o banco mais rentável” de Espanha aquele que se prepara para iniciar a sua “primeira aventura internacional” com a entrada no mercado português. A presidente executiva do Bankinter, Maria Dolores Dancausa, esteve esta segunda-feira em Lisboa a apresentar a instituição que vai comprar a actividade de banca de retalho, privada e de empresas e a actividade seguradora do Barclays em Portugal e garantiu estar confiante no “potencial de crescimento” do país.

A operação, com um valor global de 175 milhões de euros (100 milhões pelas actividades bancárias e 75 milhões pelos seguros, em parceria com a Mapfre), foi anunciada na semana passada, mas demorará entre quatro a cinco meses para estar aprovada pelos reguladores. Depois disso seguir-se-á mais um período de aproximadamente 12 meses para completar a integração das actividades portuguesa e espanhola. O que significa que o nome do Barclays apenas será substituído pelo do Bankinter nas 84 agências bancárias espalhadas pelo país no decurso de 2016.

Esta fase de transição traz "grandes desafios", não só pela integração de sistemas, "mas também pelo processo de integração da cultura, pessoas e clientes", disse a gestora, em conferência de imprensa.

“Somos um banco de tamanho mediano, mas que se sente orgulhoso do seu papel no sector financeiro” espanhol, acrescentou. Quando o sector bancário em Espanha passou por uma grande reestruturação e o país viveu uma crise profunda e o Bankinter “fez as coisas bem”, aumentando clientes e rentabilidade, não há razão para que o mesmo não aconteça em Portugal, disse Maria Dolores Dancausa.

A entrada em Portugal já tinha sido ponderada, mas a decisão do Barclays de vender a carteira de clientes particulares e empresas (anunciada em Maio do ano passado) “acelerou o processo”, explicou a administradora financeira do banco espanhol, Gloria Ortiz.

Carlos Brandão, que liderava o Barclays Portugal, vai manter-se à frente do negócio. As administradoras do Bankinter asseguraram que o objectivo é manter a gestão portuguesa e notaram que a carteira de clientes do Barclays e o próprio modelo de negócio têm características semelhantes à do Bankinter. Com a compra dos activos do Barclays, o Bankinter ganha 185 mil clientes, dos quais 20 mil são empresas (18.400) e clientes corporativos (1900).

“O ponto de partida é bom”, garante a CEO do Bankinter: “A carteira é rentável desde o primeiro dia porque todos os saneamentos e ajustes já foram feitos”. E “a maior parte dos ajustes já está feita” também no que toca aos colaboradores, disse a presidente do Bankinter quando questionada sobre eventuais despedimentos. O negócio transferirá para o grupo espanhol mil colaboradores e 84 agências bancárias.

O banco “é obcecado por eficiência”, daí a “aposta no sector tecnológico”. Em Espanha, onde foi pioneiro na banca por telefone e através da Internet, 60% das transacções realiza-se através das plataformas móveis e digitais. Maria Dolores Dancausa sublinhou que o Bankinter tem 1% dos balcões espanhóis, o que é “mais do que suficiente porque a maioria das transacções se faz fora das agências”.

A presidente do Bankinter, instituição que completa este ano 50 anos, salientou ainda que a ambição de “crescer em Portugal” justifica-se por uma economia onde “todos os ajustamentos já foram feitos” e que cresce “ao ritmo da zona euro” e pelo facto de o sector bancário estar em reestruturação e apresentar margens mais altas do que em Espanha.

O banco, cotado na bolsa de Madrid desde 1972, com uma capitalização bolsista que ronda os seis mil milhões de euros, é o décimo maior banco espanhol em activos (cerca de 58 mil milhões de euros) e registou resultados líquidos de 197,3 milhões de euros (um aumento de 31,6% face ao mesmo período de 2014).

 


 


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