Portugueses gastam mais 8% em compras com cartões bancários

Os pagamentos feitos com cartões emitidos no país somaram 7278 milhões de euros nos três primeiros meses do ano, a uma média de 80 milhões por dia. À boleia do turismo, as compras dos estrangeiros sobem mais de 12%.

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Compras com cartões emitidos em Portugal estão a crescer mais do que os levantamentos José Carlos Alves

As compras feitas com cartões bancários emitidos em Portugal cresceram 7,7% nos três primeiros meses do ano face a igual período de 2015, mantendo a tendência de crescimento registada ao longo do ano passado.

Em média, foram processados pagamentos de 80 milhões de euros por dia na rede Multibanco, mais seis milhões (diários) do que no período homólogo. Dados do Banco de Portugal mostram que, ao todo, as compras realizadas com cartões emitidos no país pelos bancos e outras instituições financeiras totalizaram 7278 milhões de euros de Janeiro a Março, o que representa mais 521,3 milhões em relação aos três primeiros meses do ano passado.

A estes valores somam-se ainda os pagamentos em dinheiro e as transacções associadas aos cartões bancários estrangeiros, que estão a crescer a um ritmo mais acelerado, à boleia do crescimento do turismo no arranque do ano. Os últimos dados do INE revelam que em Janeiro e em Fevereiro as dormidas de estrangeiros cresceram 13% face ao mesmo período do ano passado.     

É preciso ter presente que estes dados não estão ajustados de calendário. Em 2015 o mês de Fevereiro teve menos um dia e a Páscoa só decorreu a 5 de Abril, enquanto este ano decorreu ainda em Março, portanto, no primeiro trimestre a que estes dados dizem respeito.

O crescimento de 7,7% no valor das compras representa, ainda assim, um abrandamento face ao ritmo de crescimento registado no primeiro trimestre do ano passado, de 8,4%. A maior subida aconteceu em Fevereiro (fazendo uma comparação homóloga em cada um dos meses do primeiro trimestre). As compras aumentaram 5% no primeiro mês do ano, no segundo dispararam 10% e em Março tiveram uma progressão de 8%.

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Aumentar

Mais acentuado é o crescimento das compras com cartões estrangeiros, que somaram 482 milhões de euros nos três primeiros meses do ano, subindo 12,6%.

Mais do que as subidas ou descidas decimais, a leitura destes números, cruzada com outros indicadores económicos, permite acompanhar de alguma forma a evolução do consumo privado, que deverá continuar a impulsionar a procura interna, que no médio prazo deverá manter-se como o principal motor da economia.

Para este ano, o executivo está a prever que este indicador cresça 2,4%, a um ritmo mais brando do que a subida do ano passado, de 2,6% (o Conselho das Finanças Públicas referia-se recentemente na análise ao Plano de Estabilidade à “quase manutenção” do consumo projectada para este ano). A retoma começou no último trimestre de 2013, na mesma altura em que a economia inverteu para terreno positivo. Em 2014 já cresceu 2,2% e no ano seguinte acelerou então para os 2,6%.

Mais levantamentos

A expectativa do Governo é que a evolução do consumo privado acompanhe o nível de crescimento das remunerações dos trabalhadores e do rendimento disponível. O salário mínimo aumentou a 1 de Janeiro deste ano para 530 euros (estava desde Outubro de 2014 nos 505 euros) e foi também no início do ano que foi reposta mais uma parte do valor cortado no salário dos funcionários públicos (mais 20%).

As compras com cartões emitidos em Portugal estão a crescer mais do que os levantamentos. Em Janeiro, Fevereiro e Março, foram levantadas das caixas automáticas da rede Multibanco 6000 milhões de euros. Houve um crescimento de 2,6% face ao trimestre do ano passado, com a diferença a ser de 155 milhões de euros.

Se somarmos o valor das compras com cartões e ao dos levantamentos (de residentes), o montante ascende a 13.319 milhões de euros, crescendo 5,3% em relação ao período homólogo.

Considerando quer os cartões nacionais e internacionais, quer os levantamentos com cartões portugueses e estrangeiros, o valor chega a 14.126 milhões. Como as operações dos residentes em Portugal representam a esmagadora maioria, o ritmo de crescimento global também está nos 5,3%.

Este crescimento aconteceu num período em que o indicador de clima económico medido pelo INE (relativo às empresas) registou uma melhoria em relação aos últimos três meses do ano passado, com uma subida na construção, serviços e comércio a retalho, mas uma queda nas expectativas da indústria.

O indicador da actividade económica subiu 2,3% em termos homólogos, menos do que no último trimestre, em que crescera 2,6%.

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