Portugal obtém mil milhões no mercado, com juro mais baixo na dívida a dez anos

Taxa subiu na dívida pública com prazo de cinco anos, mas caiu nos títulos a dez anos, a principal maturidade.

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A procura pela dívida com prazo de cinco anos foi maior do que nos títulos a amortizar dentro de dez anos PATRÍCIA DE MELO MOREIRA/AFP

O Tesouro português foi aos mercados internacionais emitir dívida pública de médio e longo prazo, conseguindo obter mil milhões de euros em títulos com prazos de cinco e dez anos. Os juros subiram na primeira linha de obrigações e baixaram na segunda.

De acordo com os resultados dos dois leilões publicados pelo IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, foram emitidos 550 milhões de euros em Obrigações do Tesouro a reembolsar dentro de dez anos, a uma taxa de juro de 3,027%. Na emissão anterior imediatamente comparável, realizada a 13 de Julho, Portugal registara uma taxa de 3,093%, que já baixara em relação aos 3,252% da emissão de 11 de Maio.

Nesta linha de obrigações, maturidade de referência nos mercados, a procura dos investidores superou em 1,7 a oferta, menor do que o apetite pela dívida com prazo de cinco anos, onde Portugal, apesar de emitir menos dívida, teve uma maior procura, de 2,1 vezes a oferta de dívida colocada a esta emissão.

Portugal foi levantar aos mercados 450 milhões em títulos de dívida com maturidade de cinco anos. Neste caso, a taxa de juro foi de 1,87%, subindo em relação ao valor registado na emissão a cinco anos anterior (1,843%), realizada pelo IGCP a 8 de Junho.

Nesta dupla emissão de dívida, Portugal emitiu o montante total indicativo para a operação desta quarta-feira, que tinha como objectivo conseguir financiamento entre 750 milhões e 1000 milhões de euros.

Filipe Silva, director da gestão de activos do Banco Carregosa, notou à Reuters o facto de o risco português não ter aumentado em relação aos últimos leilões. “Tem andado estável e, nos últimos quatro meses, temos pago mais ou menos o mesmo nas emissões de longo prazo, apesar das dúvidas das agências de rating”, salientou à agência de notícias, sublinhando que “as taxas têm acompanhado muito a evolução da restante [dívida] europeia e ainda não houve nenhum acontecimento que tenha assustado os investidores”.

Depois de a agência Fitch ter mantido inalterado o rating de Portugal há duas semanas, reconhecendo que a execução orçamental está em linha com o projectado, mas notando, ainda assim, riscos em relação à meta do défice, ao baixo crescimento da economia e apontando debilidades no sistema financeiro, esta semana é a vez da agência Moody's publicar o relatório de revisão da nota atribuída a Portugal, agendado para sexta-feira.

José Lagarto, gestor de activos da sociedade financeira Orey Financial, salienta ao PÚBLICO que o facto de o IGCP ter conseguido emitir o montante máximo de dívida demonstra “que os investidores continuam a acreditar no bom desempenho da economia portuguesa”. Mas sublinha que, no caso da dívida a cinco anos, o preço a pagar “foi ligeiramente superior à anterior em 0,028%”, enquanto “na dívida a dez anos o Tesouro vê uma diminuição do custo de financiamento em 0,066%”.

A taxa registada na emissão das obrigações a dez anos está em linha com o valor que se tem vindo a observar no mercado secundário, onde os investidores trocam entre si títulos de dívida já emitidos no mercado primário antes de eles chegarem à maturidade. Os juros estão a subir nesta quarta-feira em relação ao valor de fecho, fixando-se em 3,056% ao final da manhã.

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