Portugal coloca 3000 milhões de dívida a uma taxa de 4,227%

Dívida pública portuguesa atrai investidores internacionais, mas os juros exigidos são os mais altos dos últimos três anos.

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Cristina Casalinho lidera o IGCP, a entidade que gere a dívida portuguesa Nuno Ferreira Santos

O objectivo do Tesouro português de colocar junto de investidores mais 3000 milhões de euros de dívida foi atingido esta quarta-feira, mas as taxas de juro obtidas confirmam a conjuntura difícil que o país actualmente atravessa nos mercados internacionais.

A emissão sindicada de nova série de Obrigações do Tesouro com um prazo até Abril de 2017 encontrou nos mercados uma procura total de 8500 milhões de euros e as Finanças decidiram fechar a operação com a colocação de 3000 milhões de euros a uma taxa de juro de 4,227%.

A taxa de juro conseguida é o reflexo da actual percepção dos mercados em relação a Portugal, representando um valor bem mais elevado do que os 2,973% garantidos em Janeiro do ano passado na mais recente emissão sindicada de características semelhantes.

A taxa de 4,227% é a mais elevada registada numa emissão a 10 anos portuguesa desde Fevereiro de 2014, poucos meses antes da saída da troika, e fica acima daquele que é o actual custo médio da dívida portuguesa (os juros pagos em percentagem da dívida) que se situa próximos dos 3,4%.

Este nível de taxa de juro, acima de 4%, já era no entanto largamente antecipada, tendo em conta que no mercado secundário – onde os investidores trocam os títulos entre si – a taxa de juro praticada situava-se na manhã desta quarta-feira nos 4,05%, tendo depois descido para valores ligeiramente abaixo dos 4% à tarde...

É habitual que, em emissões sindicadas, as taxas obtidas sejam ligeiramente superiores às praticadas no mercado secundário porque as verbas emitidas são geralmente maiores do que nas emissões regulares e porque não é usado o método de leilão competitivo. Nas emissões sindicadas, os bancos mandatados pelo Tesouro encarregam-se de directamente encontrar investidores interessados em adquirir os títulos de dívida a uma determinada taxa de juro.

Nesta operação, os bancos escolhidos pelo Tesouro português foram o Novo Banco, BBVA, HSBC, JP Morgan, Morgan Stanley e Societé Générale.

A decisão de emitir 3000 milhões de euros cai também dentro daquilo que eram as expectativas dos mercados. Há um ano, quando realizaram a anterior emissão sindicada a 10 anos, as Finanças aproveitaram o facto de as taxas estarem abaixo dos 3% e optaram por colocar um valor mais elevado: 4000 milhões de euros.

Desta vez a optou-se por uma abordagem mais prudente. Ainda assim, o valor emitido representa 20% do total de emissões de OT que são previstas para 2017.

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