Portugal cai oito lugares em índice mundial de competitividade

Impostos, burocracia e preocupação com instabilidade política voltam a pesar na avaliação feita pelo Fórum Económico Mundial. Suíça, Singapura e Estados Unidos continuam no topo.

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Impostos e burocracia entre as preocupações mais apontadas pelos empresários Rui Gaudencio

Pelo segundo ano consecutivo, Portugal desce na tabela dos países mais competitivos elaborada pelo Fórum Económico Mundial (FEM). E, desta feita, a descida foi mais abrupta do que no ano passado.

Na edição de 2016, Portugal caiu do 38.º para o 46.º lugar entre 138 países, arrastado por factores como o nível da fiscalidade, burocracia e preocupação com a “instabilidade política”, e ficando atrás de 18 países da União Europeia (UE). Em 2015, em que o ranking comparava 140 economias, o país tinha caído duas posições.

Segundo uma síntese do relatório, as taxas e os impostos foram indicados pelos empresários inquiridos como sendo a questão mais problemática, tal como aconteceu no ano passado. Já a “ineficiente burocracia do Governo” volta ocupar o segundo lugar (chegou a ser apontado como o principal problema em 2014). Por seu lado, a “preocupação sobre a instabilidade política” surge em terceiro lugar, ao passo que as questões relacionadas com a regulamentação laboral se mantiveram na quarta posição. As taxas e impostos são o quinto factor mais indicado.

Por fim, as condições de acesso ao financiamento surgem no final da lista dos seis factores mais problemáticos, muito embora o número de inquiridos preocupados com esta questão tenha “vindo a melhorar substancialmente”, observa a nota adiantada à imprensa pelos parceiros portugueses do estudo, a Associação para o Desenvolvimento da Engenharia PROFORUM e o Fórum de Administradores e Gestores de Empresas (FAE).

O índice, publicado todos os anos pelo FEM, mede a competitividade entre os países, comparando o “nível de produtividade” das economias através do cruzamento de critérios como o enquadramento macroeconómico, a dimensão do mercado, a avaliação das instituições, o mercado laboral, o nível desenvolvimento do mercado financeiro e a inovação.

Suíça em primeiro

A Suíça aparece em primeiro lugar do ranking pelo oitavo ano consecutivo, seguida de Singapura e os Estados Unidos, países que tipicamente surgem nos lugares cimeiros deste tipo de rankings.

Nos 20 primeiros lugares surgem nove países da UE (Holanda, Alemanha, Suécia, Reino Unido, Finlândia, Dinamarca, Bélgica, Áustria e Luxemburgo) e à frente de Portugal aparecem outros nove (França, Irlanda, Estónia, República Checa, Espanha, Lituânia, Polónia, Malta e Itália).

Numa escala de um a sete, Portugal tem uma classificação de 4,5 pontos, igual à de mais dez países, entre eles Itália, Malta, Índia, Indonésia, Panamá e Rússia. Embora a pontuação global seja a mesma, ao serem ponderados os critérios de avaliação, oito desses dez países aparecem mais bem posicionados do que Portugal no ranking final.

A tendência de descida de Portugal tem marcado a última década. No período entre 2006 e 2014, quase todos os anos foram de recuo. A única excepção foi o ano de 2011, mas apenas com uma subida de uma posição. Já em 2014 a competitividade da economia portuguesa disparou 15 lugares, passando então a ocupar a 36.ª posição entre 144 países. Ainda assim, longe de 2002, quando Portugal estava em 23.º lugar.

O melhor: a saúde e educação básica

Onde Portugal surge mais bem posicionado é no pilar da saúde e educação básica, onde está classificado com 6,4 pontos (na escala que vai até sete). Esta avaliação permite ao país estar posicionado em 22.º no ranking. A mesma posição relativa face aos outros países tem na avaliação das infra-estruturas, em 22.º e 5,5 pontos.

Na avaliação das instituições, Portugal surge com 4,3 pontos, ficando em 46.º no ranking. O ambiente macroeconómico e o desenvolvimento dos mercados financeiros são as áreas de avaliação onde o país surge com as classificações mais baixas, em 120.º e 116.º respectivamente.

No inquérito de opinião aos empresários, feito em Portugal para o estudo do Fórum Económico Mundial, a área fiscal é apontada com preocupação. Não só o nível dos impostos é referido como o factor mais problemático (18%) para os negócios, como também os regulamentos fiscais são referido como o quinto factor problemático (11%).

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