Petróleo negoceia em queda em dia de reunião da OPEP

Mercados antecipam que o cartel de países produtores vai manter as quotas de produção inalteradas.

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Angola é um dos países cuja economia está a sofrer as consequências da queda de receitas de exportação de petróleo AFP/MARTIN BUREAU

O preço do barril de Brent para entrega em Janeiro estava a cair esta sexta-feira no mercado londrino, a valer 43,80 dólares, menos 0,09% do que no fecho da sessão anterior. A cotação do petróleo mostra assim que a expectativa dos investidores face à alteração das quotas de produção da Arábia Saudita é praticamente nula.

Os ministros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) reúnem-se esta sexta-feira em Viena, com a organização dividida em torno da estratégia para eliminar o excesso de oferta no mercado, que tem vindo a pressionar os preços desde o Verão do ano passado, levando a um corte de quase 60% nas cotações. Em Junho de 2014, o barril de petróleo valia 100 dólares.

Enquanto países como a Venezuela, a Argélia e Angola, que têm visto as suas economias profundamente afectadas pela queda das receitas do petróleo, têm defendido uma redução da produção para impulsionar os preços, a Arábia Saudita, líder do cartel, tem-se mantido irredutível numa estratégia de preservação de quota de mercado.

Com esta política que visa travar o crescimento dos produtores norte-americanos do petróleo de xisto, que têm custos de produção por barril muito mais baixos, a Arábia Saudita cavou um fosso no interior da OPEP, mas a produção tem-se mantido inalterada nos 30 milhões de barris diários.

Ainda em Junho, por ocasião de mais uma reunião da OPEP, o ministro do petróleo de Angola, José Maria Botelho de Vasconcelos, afirmava que era “extremamente importante” para Angola que o petróleo subisse para pelo menos 80 dólares o barril. Mas esse é um cenário pouco provável no imediato.

Na reunião desta sexta-feira, os ministros dos 12 países da OPEP deverão manter as quotas de produção inalteradas.
“Nada está decidido, ainda nos encontramos a discutir”, disse na quinta-feira o ministro iraquiano Adil Abdul Mahdi, que já reconheceu publicamente estar “insatisfeito com os preços do petróleo”.

Em Junho, no seu relatório anual sobre o mercado petrolífero, a BP referia que os Estados Unidos já eram os maiores produtores mundiais de petróleo (o que não acontecia desde 1975). Foi graças ao aumento da produção norte-americana que a oferta mundial de petróleo cresceu para níveis recorde em 2014: 2,1 milhões de barris por dia.

A par dos Estados Unidos, também a Rússia tem contribuído para o excesso de oferta. Em Novembro, o país manteve-se próximo dos recordes de produção pós-soviéticos, acima de 10,7 milhões de barris diários. À produção russa soma-se ainda o Irão, que deverá regressar aos mercados internacionais no próximo ano, depois do acordo alcançado com os Estados Unidos.

As duas nações já deram indicações que estão pouco dispostas a aceitar compromissos com a OPEP no sentido de estabelecer limites à produção e também parece pouco provável que a Arábia Saudita aceite uma mudança de estratégia se não houver uma flexibilização dos países extra-OPEP, pelo que a pressão sobre os preços poderá manter-se nos próximos tempos.

 

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