Os problemas detectados em Agosto do ano passado, nas paredes de betão que estão a formar aquelas que serão, porventura, as maiores comportas marítimas do mundo, já começaram a ser resolvidos, e o administrador da empresa pública encarregue da ampliação do Canal do Panamá, Jorge Quijano, estima que essas obras suplementares estejam concluídas até final de Junho. Foi, pelo menos, essa a indicação que deixou à Reuters, numa altura em que as datas de inauguração daquela que é a mais emblemática obra de engenharia actualmente em curso em todo o mundo, tem vindo a ser sucessivamente adiada.

Inicialmente projectada para ser inaugurada em Agosto de 2014, cem anos depois do primeiro navio ter atravessado o canal, também a data posterior, apontada para o próximo mês de Abril acabou por ser posta em causa quando foram detectadas as referidas fissuras.

O consórcio encarregue das obras, liderado pela espanhola Sacyr, já terminou as reparações, e na passada terça-feira iniciou a fase de testes, que estarão concluídos em Junho. Mas a data prevista para a inauguração ainda não está marcada.

Na página na internet onde a autoridade portuária vai relatando o avanço dos trabalhos, está inscrita uma taxa de execução de 96%, mas que reporta já a Dezembro de 2015. A aguardada expansão do Canal do Panamá vai permitir o trânsito de uma nova classe de navios porta-contentores, os já chamados post-panamax, e que prometem revolucionar  o comércio marítimo não só naquela região como em todo o mundo.

Para se perceber o impacto basta lembrar que actualmente os navios que circulam no canal do panamá têm uma capacidade de transporte de 5000 TEUS (unidade de medida equivalente contentores de 20 pés), e os navios pos-panamax poderão transportar 12.000 TEUS. As novas eclusas têm dimensões igualmente impressionantes: 427 metros de comprimento, 55 metros de largura e 18,3 metros de profundidade.  Os trabalhos de construção do canal começaram em Setembro de 2007 e o orçamento, que obrigou a um acordo de financiamento, já vai em qualquer coisa como 15, 5 mil milhões de euros. É em 2017 que a autoridade portuária estima começar a arrecadar as receitas para amortizar este gigantesco investimento

Esta revolução anunciada na área dos transporte marítimo tem vindo a ser aguardada com muita expectativa, também junto dos portos nacionais, sobretudo junto do Porto de Sines, aquele que é o único que recebe trafego de transhipment, os grandes porta-contentores que depois fazem transborda da mercadoria para outros mais pequenos.