O futuro do automóvel

Imagine-se a operar o seu automóvel como opera o seu smartphone. Não, não é ficção científica. Está mesmo a acontecer!

Imagine-se a operar o seu automóvel como opera o seu smartphone. Não, não é ficção científica. Está mesmo a acontecer!

Carlos Ghosn, CEO da Renault-Nissan, garante que a electrificação, a condução autónoma e a conectividade vão mudar radicalmente a indústria automóvel num futuro bastante próximo. Já são muitos os sistemas de assistência avançada ao condutor (ADAS) que equipam os carros actuais e os indicadores do mercado automóvel prevêem uma duplicação do número destes veículos de ano para ano. Estes incluem funções como o Controlo da Velocidade de Cruzeiro Adaptativo, o Sistema de Assistência à Manutenção na Faixa de Rodagem ou o Sistema de Travagem de Emergência Automático e já provaram a sua eficácia na prevenção de acidentes rodoviários. Os sistemas ADAS dependem de câmaras colocadas nos pára-brisas ou nas grelhas frontais que conseguem “ler” os sinais que as rodeiam, sejam as linhas das faixas de rodagem, uma travagem brusca do carro da frente, um peão mais distraído ou mesmo os sinais de trânsito, alertando o condutor para eventuais perigos, ou mesmo actuando directamente no automóvel, sobrepondo-se ao tempo de reacção de quem está atrás do volante.

Mas a segurança automóvel começa no mais básico. Hoje, substituir um vidro nada tem a ver com o que era há 10 anos atrás. Estas câmaras ADAS, quando montadas no pára-brisas, têm de obrigatoriamente ser calibradas aquando da substituição dos mesmos, correndo o risco de dar informação errada ao veículo se assim não for. É por isso que é necessário que os operadores rapidamente se equipem com as ferramentas necessárias para este tipo de serviço, garantindo sempre a segurança dos seus clientes.

Isto é só o começo dos carros ditos “inteligentes”. Tudo indica que em 2020 já começaremos a ver carros totalmente autónomos a circularem nas ruas das nossas cidades. O ponto principal de destaque neste tipo de veículos prende-se com a conectividade entre eles, essencial para que os sistemas funcionem, e esta tecnologia já está a ser testada pelos principais fabricantes de automóveis. Imaginemos que estamos a entrar num cruzamento e que outro carro passou um sinal encarnado. Podemos não nos ter apercebido, mas o outro carro acaba de enviar um sinal ao nosso, que imediatamente nos alerta para o perigo ou, no limite, actua directamente nos travões, evitando a colisão. A realidade é que chegaremos a um ponto em que o carro é que vai tomar a decisão final – não nós.

Claro que não podemos falar em automóveis do futuro sem mencionar a Tesla, e o seu visionário líder, Elon Musk – considerado por muitos como o próximo Steve Jobs. Este homem, que já conseguiu aterrar verticalmente dois foguetões quando regressaram à terra, está determinado em fazer dos seus evoluídos veículos eléctricos a nova forma de mobilidade terrestre, começando por reduzir drasticamente o custo das baterias, sendo este um dos principais motivos do aceleramento “tímido” dos veículos eléctricos.

A realidade é que os condutores do futuro não vêem o carro da mesma forma que as gerações actuais. Tudo é descartável e acontece a uma velocidade estonteante. Os recém-encartados querem chegar rapidamente do ponto “A” ao ponto “B”, de preferência enquanto enviam um Snapchat e actualizam o seu perfil de Facebook. Se não se tiverem de preocupar com a condução, tanto melhor! E os fabricantes de automóveis estão atentos às novas tendências dos actuais e futuros consumidores, privilegiando a tecnologia e a conectividade. Isto VAI acontecer, e já não falta muito.

Claro que tudo tem o reverso da medalha e as ameaças de hackers são a principal preocupação dos fabricantes. Somos conduzidos por um computador que pode ser vítima de um pirata informático, como qualquer PC na nossa secretária. Por isso, é essencial o desenvolvimento de potentes firewalls para proteger os sistemas integrados.

Outro impacto grande que os veículos autónomos terão no sector, prende-se com os seguros. Para além da redução drástica dos acidentes rodoviários, de quem é a responsabilidade em caso de haver um acidente? O carro é que toma as decisões, não o condutor. A Google e a Volvo já fizeram saber que se responsabilizam por qualquer acidente causado por um dos seus veículos; que impacto terá esta posição nas companhias de seguros?

Independentemente das respostas às perguntas anteriores, uma coisa é certa, em breve poderemos responder a um e-mail enquanto somos transportados em segurança pelo nosso mais recente gadget!

Director Geral da Carglass

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