Número de fogos licenciados aumentou pela primeira vez em 15 anos

Estatísticas da Construção e da Habitação de 2015 revelam alguma reanimação do mercado habitacional. Presidente da Confederação da Construção e do Imobiliário sublinha a importância do investimento estrangeiro na obtenção destes números

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Construção ilegal, segundo a câmara e o ministério de Rui Machete, invadiu propriedade vizinha bruno almeida

Já não acontecia há 15 anos, e no momento em que há um sinal positivo na taxa de variação que compara o número de fogos com construção licenciada o valor é expressivo: mais 11,1% de fogos licenciados em todos os tipos de obra. Durante o ano de 2015 foram licenciados 12.801 fogos, revelou esta segunda-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Esta é a melhor notícia que pode ser retirada das “Estatísticas da Construção e da Habitação em 2015”, um boletim que ainda continua a pintar de vermelho muitos dos indicadores que permitem avaliar o desempenho do sector. E que revelam que, apesar dos discursos públicos, o peso do segmento da reabilitação continua com dificuldades em descolar. As obras para reabilitação de edifícios (obras de alteração, ampliação e reconstrução de edifícios) apresentaram em 2015 um peso de 28,6% face à produção do sector, inferior, mesmo, àquele que se havia registado em 2014 e que atingiu os 33,8%.

De acordo com o INE, para o aumento de número de fogos licenciados contribuiu essencialmente aqueles que foram pedidos em construções novas para habitação familiar, cujo crescimento face ao ano anterior foi de 19,1%.

À excepção das estatísticas sobre as obras concluídas  - que revelam que durante o ano de 2015 foram concluídos 10 972 edifícios, o que desenha um decréscimo de 19,2% face ao ano anterior – a generalidade dos indicadores disponíveis revelam “alguma reanimação do mercado habitacional em 2015”, sublinha o INE.

Esse dinamismo poderá ser aferido no número de alojamentos familiares vendidos, e que aumentou significativamente em 2015: 27,4%. Curioso, aqui, é o facto de esta variação ter sido atingida pelo crescimento das vendas de alojamentos existentes e, em menor grau, do aumento das vendas de alojamentos novos.

A “culpa” é do investimento dos estrangeiros em Portugal, comentou ao PÚBLICO o presidente da Confederação da Construção e do Imobiliário (CPCI), Manuel Reis Campos. “Não estamos a falar só dos vistos gold, porque essas autorizações especiais de residência têm peso claro, mas são residuais. Estou a falar também das quase três mil famílias europeias que já tem uma casa em Portugal ao abrigo do regime de tributação dos residentes não habituais, e estou a falar do investimento estrangeiro para construir, não apenas fogos habitacionais, mas também escritórios ou fábricas", afirma Reis Campos.

O valor dos alojamentos transaccionados em 2015 atingiu um montante próximo dos 12,5 mil milhões de euros, mais 2,9 mil milhões que em 2014. Destes, 466 milhões foram provenientes dos chamados vistos gold. “Portugal está na moda, há mais olhos postos em Portugal e os investidopres gostam do que vêem. A nossa relação qualidade/preço é muito superior, se compararmos com Espanha ou França onde é muito caro construir. E o imobiliário voltou a ser uma boa aposta para rentabilizar as poupanças”, especifica Reis Campos.

De acordo com o presidente da CPCI, os investidores deixaram de privilegiar a banca para as situações de aforro já que, considera “não paga nada bem, e também já não é um sítio seguro”. A alternativa que têm procurado (não só os investidores nacionais mas também “russos, brasileiros, franceses, britânicos e angolanos”), é o invstimento no imobiliário. “A procura crescente no sector do turismo, e o boom no segmento do alojamento local ajuda a perceber estes números”, afirma.  

Segundo o INE, o  índice de preços da habitação continuou a crescer  durante o ano de 2015, mas a um ritmo menos intenso que no ano anterior – ficou-se pelos 3,1%. O valor médio da avaliação bancaria de habitação acentuou o ritmo de crescimento em 2,3 pontos percentuais face a 20145, fixando-se nos 2,6%.

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