Novo Banco acusa Banco de Portugal de prejudicar contas de 2016

O banco que sucedeu ao BES e foi vendido ao Lone Star acumulou um prejuízo de 788,3 milhões no ano passado. Imparidades voltaram a pesar. O crédito concedido recuou.

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António Ramalho recusou confirmar se vai ficar à frente da instituição, remetendo o tema para o Lone Star Rui Gaudêncio

A fotografia mais actualizada do banco que está a ser vendido ao fundo norte-americano Lone Star mostra um Novo Banco mais “limpo”, mais leve mas também com menor capacidade de gerar rentabilidade para além de efeitos financeiros e da redução de custos. Essa menor capacidade também resulta da descida do crédito concedido. Nos depósitos, o banco justifica as perdas com a decisão do Banco de Portugal sobre os obrigacionistas seniores.

No comunicado em que apresenta os resultados do exercício de 2016, o Novo Banco destaca alguns dos constrangimentos à sua actividade, nomeadamente que o “desempenho do resultado financeiro foi influenciado pelo facto de as taxas de juro de referência continuarem em terreno negativo e pela necessidade de estabilizar o financiamento da actividade através dos recursos de clientes”.

E neste contexto, destaca que “este objectivo foi condicionado pelos efeitos da retransmissão [decidida pelo supervisor] das emissões de obrigações sénior, em 29 de Dezembro de 2015, que teve como consequência o downgrade [revisão em baixa] dos “ratings” de depósitos de longo prazo o que, conjugado com o adiamento da venda do Novo Banco em 15 de Setembro de 2015 [também da responsabilidade do Banco de Portugal], levou a uma redução dos depósitos de alguns grandes clientes institucionais e empresariais”.

Sobre os depósitos, o banco esclarece assim que "apesar da ligeira recuperação no quarto trimestre, o valor de 25,6 mil milhões de euros representa uma redução de 1,8 mil milhões face ao período homólogo do ano anterior, repetindo que se trata de uma “evolução que não foi alheia à retransmissão de obrigações para o BES". Uma decisão que já chegou a tribunal, depois dos grandes obrigacionistas envolvidos como os fundos Blackrock e Pimco terem avançado com acções judiciais contra a decisão da entidade liderada por Carlos Costa.

O Novo Banco sublinha, por outro lado, que neste capítulo “o ano de 2016 caracterizou-se por um reforço da confiança dos particulares, traduzido num crescimento de 832 milhões de euros em novos depósitos de clientes de retalho face a 2015”. Um reforço que não foi suficiente, reforça ainda, para contrabalançar “a decisão do Banco de Portugal em retransmitir cinco emissões seniores para o perímetro do BES, com fortes repercussões na captação de recursos de clientes”

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