Nestlé vê subida da inflação como principal risco em Portugal

Divisão portuguesa do maior grupo alimentar do mundo registou um crescimento de 4,7% em 2016, a um ritmo melhor do que a casa-mãe helvética. Consumo fora do lar impulsionou vendas de 480 milhões de euros da Nestlé Portugal.

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A Nestlé Portugal detém três pólos industriais no país: café torrados, nutrição infantil e cereais de pequeno-almoço, e leite. Nelson Garrido

A Nestlé Portugal, que detém três pólos industriais no país (café torrados, nutrição infantil e cereais de pequeno-almoço, e leite) realizou vendas de 480 milhões de euros em 2016, uma progressão de 4,7% face ao ano de 2015 (em que crescera 1,2%).

O mercado doméstico representou no ano passado 83% das vendas, ou seja, 398 milhões de euros, o que representa um crescimento de 3,5% face a 2015, avançou esta terça-feira Jordi Llach, director-geral da Nestlé Portugal. Ambos – o aumento de vendas global da divisão portuguesa e o crescimento no mercado doméstico – foram superiores ao global consolidado pelo grupo helvético Nestlé, que fechou 2016 com vendas orgânicas 3,2% acima do ano antecedente (para 89,5 mil milhões de francos suíços ou 83,1 mil milhões de euros ao câmbio actual). “O ano foi muito bom para todas as categorias” e “muito positivo no consumo fora do lar”, frisou o director-geral da companhia portuguesa.  

Um desempenho doméstico que Jordi Llach acredita que poderá ser repetido em 2017, tendo em conta a progressão sentida no consumo fora do lar (medido pelo canal Horeca – cafés, restaurantes e hotéis), nomeadamente na área de cafés – onde a Nestlé detém em Portugal as marcas Sical, Buondi, Tofa e Christina. No consumo no lar, a companhia está sobretudo presente com as marcas Nespresso e Dolce Gusto.

Na sua previsão “optimista” de voltar a crescer acima dos 3% nas vendas em território nacional, o director-geral da Nestlé Portugal só vê, internamente, um “risco”. “O risco é a inflação” das categorias onde a Nestlé opera e “dos combustíveis (electricidade e energia)” ser “muito alto”, porque “isso é que tem impacto no consumo” levando a uma retracção no mercado. Além da área dos cafés (torrados, em cápsulas e solúveis, como Mokambo e Pensal), a Nestlé está nas categorias dos chocolates (Nestlé e Kit Kat), produtos lácteos (leite condensado), cereais de pequeno-almoço (Nestum, Chocapic), nutrição infantil (Nan, Cerelac), produtos culinários (Maggi), gelados, alimentação animal (Purina, Friskies, Proplan) e nutrição clínica (Meritene e Resource).

A exportação manteve um peso de 17% sobre as vendas, ou seja 82 milhões de euros (mais quatro milhões de euros que em 2015), tendo Angola, Cabo Verde, Espanha, França, Grécia, Itália, Roménia, Rússia, Suécia e Ucrânia como os 10 principais mercados de destino.

Novo investimento em análise

Para melhorar as três fábricas que detém no país – Avanca (cereais e nutrição infantil), Porto (cafés torrados) e Açores (leite) – a Nestlé Portugal investiu 5,4 milhões de euros no ano passado. Outros 9,5 milhões de euros foram gastos, no mesmo exercício, na “introdução de melhorias” da rede da companhia “no negócio ‘fora do lar’”, em “logística” e no “parque informático, avançou esta terça-feira a direcção da empresa.

Em 2017, já foi anunciado, a Nestlé Portugal vai aplicar quatro milhões de euros na modernização do centro de distribuição de Avanca. “Não vamos ter o mesmo nível de investimento que nos outros anos” em Portugal, afirmou Jordi Llach, situando entre “9 a 10 milhões de euros” o planeado para este ano no país – o que compara com 15 milhões em 2016 e 17 milhões em 2015.  

O que pode mudar - caso tenham sucesso as negociações que a Nestlé Portugal está a ter com a casa-mãe na Suíça, no sentido de trazer e desenvolver para o território nacional um projecto não especificado por Llach, garantindo contudo não ser uma nova fábrica. E aí, feita a defesa da causa portuguesa à Nestlé suíça, “pode ser que este ano seja outro nível de investimento” no país, disse, acrescentando que a decisão será tomada “antes do Verão” pela sede, em Vevey. A acontecer o investimento desejado em Portugal, acrescentou, ele traria “ainda mais solidez à nossa presença no país”.

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