Mau tempo não travou vendas recorde da Vitacress

Produtora portuguesa de saladas embaladas aumentou facturação em 8% em 2016. Em Berlim, na maior feira de fruta e legumes, produtores portugueses procuraram novos parceiros de negócio.

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Vitacress exporta 65% da produção José Sarmento Matos/Arquivo

A Vitacress atingiu em 2016 vendas recorde, somando 25 milhões de euros, mais 8% em comparação com o ano anterior. Luís Mesquita Dias, director-geral da empresa, do grupo RAR, adiantou ao PÚBLICO, que o ano teria corrido ainda melhor não fossem as más condições climatéricas. "Tivemos dois episódios de mau tempo", disse, acrescentando que nesses períodos foi preciso "focar mais no mercado interno".

As vendas em Portugal e Espanha cresceram 15% graças ao aumento do consumo. "É uma categoria em crescimento e ganhámos quota de mercado", disse ao PÚBLICO, durante a Fruit Logística, a maior feira de frutas e legumes na Europa, que terminou esta sexta-feira em Berlim. Luís Mesquita Dias acredita que, em 2017 será possível aumentar a facturação entre 5 a 10%. "Prevemos que o mercado continue a crescer a nível interno e que as exportações possam crescer bastante. Temos feito muitas visitas ao Norte da Europa e o facto de ter sido um Inverno mau nos países onde se abastecem [sobretudo Espanha] faz com que tenham apetência por Portugal, para diversificarem", conta.

O frio danificou a produção de legumes no país vizinho, um dos principais abastecedores da União Europeia. A indústria alimentar espanhola é, aliás, a quinta que mais factura na EU, destacando-se sobretudo na exportação de azeite, carne de porco (é o maior produtor), vinho, tangerinas e laranjas. Os países do Norte da Europa querem, por isso, alargar a base de clientes, o que pode favorecer os agricultores portugueses. “Se, por exemplo, 15% dos que compravam a Espanha passarem a comprar a Portugal é bom para nós”, diz Luís Mesquita Dias.

Actualmente, 65% da produção da Vitacress é exportada. Além de Espanha e do Reino Unido, os principais clientes são a Alemanha, a Polónia, a Suécia, a Noruega, a Holanda e a Bélgica. Nos 280 hectares que tem em Portugal, cultiva alfaces e outros vegetais que são, depois, lavados e embalados para consumo imediato. “A área não tem variado, cada vez estamos é a ocupar mais a área disponível. No Verão tínhamos uma ocupação baixa porque os nossos clientes procuram-nos, sobretudo, no Inverno”, altura em que o clima é mais rígido no Norte da Europa, conta o director-geral. “Um pouco devido às alterações climáticas estamos a ter mais procura”, continua, acrescentando que com verões “mais agressivos” no seu mercado doméstico os parceiros europeus têm procurado outras alternativas para se abastecerem.

Além das saladas prontas a consumir, a Vitacress entrou no negócio dos sumos de fruta e vegetais, mas ainda está “a aprender”. O negócio das ervas aromáticas pesa cerca de 7% das vendas ibéricas, o mesmo que já representa a gama biológica. “Esta área está a crescer muito”, sintetiza.

Agricultores diversificam mercados

Esta semana em Berlim, cerca de 40 empresas e organizações tentaram captar novos clientes e fechar negócios naquela que é a principal feira do sector da Europa. A Central de Frutas do Painho, por exemplo, teve pela primeira vez contactos com potenciais clientes da Arábia Saudita, Colômbia e Ucrânia. "O que tem sido curioso é que os contactos têm sido de mercados que por norma não consomem pêra rocha, como a Arábia Saudita, Ucrânia e agora Colômbia", disse o presidente da administração da central, onde a pêra rocha vale mais de 95% das vendas. Cerca de 70% da produção é exportada, sobretudo, para o Brasil, Inglaterra, Polónia, França e Alemanha.

Também Ana Santos, da Granfer, destaca a estreia das vendas para a Colômbia, mercado para onde Portugal só começou a exportar pêra rocha em 2016. “Enviámos dois contentores [dez mil quilos] para a Colômbia e é para continuar”, diz. A empresa faz parte da Fresh Fusion, que junta 13 produtores de pera rocha na exportação.

O PÚBLICO viajou a convite da Portugal Fresh

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