Manipulação da Libor leva quatro ex-funcionários do Barclays à prisão

O banco já pagou uma multa de 360 milhões de euros pela manipulação da taxa de juro de referência entre 2005 e 2007.

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Peter Johnson, que em 2014 confessou o crime, à chegada ao tribunal de Sowthwark para a leitura da sentença REUTERS/Neil Hall

Já são conhecidas as penas aplicadas pela justiça britânica aos quatro ex-funcionários do Barclays considerados culpados do crime de manipulação da Libor. As penas de prisão variam entre os seis anos e meio e os dois anos e nove meses, de acordo com a informação avançada à AFP pelo SFO, o organismo britânico de combate à delinquência financeira.

Jay Merchant foi condenado a uma pena de seis anos e meio e Jonathan Mathew e Peter Johnson (o autor do esquema, que em 2014 se declarou culpado e por isso não foi julgado como os demais) apanharam quatro anos. A pena mais leve foi para Alex Pabon, condenado a dois anos e nove meses de prisão.

A decisão de condenação do tribunal de Southwark, que tinha sido conhecida no início da semana embora ainda sem detalhes sobre as penas, ocorre quatro anos depois de o banco inglês ter pago uma multa de 360 milhões de euros pelo crime de manipulação da Libor, a taxa de juro utilizada como referência em muitos produtos financeiros e em empréstimos às famílias e empresas, essencialmente em Inglaterra e nos Estados Unidos.

O escândalo da manipulação da Libor rebentou em 2012, quando os reguladores financeiros dos Estados Unidos e de Inglaterra, depois de um processo de investigação, aplicaram multas a mais de uma dezena de bancos internacionais, com o Barclays à cabeça, que teve de pagar 360 milhões de euros.

Jonathan Mathew, Jay Merchant e Alex Pabón, com idades entre os 35 e os 45 anos, foram considerados culpados de conspirarem com outros funcionários do Barclays para manipular a taxa, pelo menos entre Junho de 2005 e Agosto de 2007. O júri não chegou a um veredicto para Stylianos Contogoulas, de 44 anos, e Ryan Reich, de 34, mas o SFO já anunciou a abertura de um novo processo contra eles.

A culpabilização dos três funcionários foi em boa parte facilitada pela facto de, em 2014, Peter Johnson ter-se declarado culpado e o principal criador do esquema que permitiu manter a Libor artificialmente baixa.

Este é o terceiro processo relativo à manipulação da Libor (London Interbank Offered Rate). Num dos dois processos, Tom Hayes, que trabalhou para o UBS e Citigroup, foi condenado a 11 anos de prisão, enquanto no outro, um grupo de seis funcionários foi absolvido.

As multas aplicadas aos maiores bancos no âmbito deste caso, que inclusive esteve na origem da demissão do antigo presidente do Barclays, Bob Diamond, ascenderam a mais de 6000 milhões de euros.

Na zona euro, a Euribor é a taxa de referência de produtos e empréstimos, inclusive no crédito à habitação. O seu cálculo, feito igualmente por um inverso alargado de bancos, vai ser alterado, por se considerar que o actual método não reflecte o custo do dinheiro no mercado interbancário e pode facilitar a sua manipulação.

Fixada diariamente, a Euribor é calculada a partir da taxa a que cada banco está disponível para emprestar dinheiro a outras instituições.

Na taxa Libor, também fixada diariamente, o painel de bancos transmite à agência Reuters a que taxa esperam que os seus concorrentes lhes irão emprestar dinheiro. 

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