Maior companhia da América Latina suspende voos para a Venezuela

Várias empresas do sector, incluindo a TAP, têm sido penalizadas pela crise que o país atravessa.

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Braço-de-ferro com o Governo venezuelano começou em 2013 REUTERS/Ivan Alvarado

A maior companhia de aviação da América Latina, a Latam, decidiu suspender os voos para a Venezuela, fruto da crise económica que o país vive e da consequente dificuldade em recuperar as receitas geradas com a venda de bilhetes. A decisão conhecida nesta segunda-feira segue passos idênticos dados por outras empresas da indústria, nomeadamente a gigante alemã Lufthansa.

A Latam, que nasceu em 2012 da fusão entre a chilena LAN e a brasileira TAM, anunciou em comunicado que esta suspensão, que afecta apenas as novas reservas, teve início já no passado sábado, 28 de Maio, mas apenas para o voo entre São Paulo, no Brasil, e a capital venezuelana, Caracas. A decisão será agora estendida às restantes frequências que eram asseguradas pela companhia, a partir de Lima, no Peru, e de Santiago do Chile, no Chile.

No comunicado, a Latam explica que a decisão se fica a dever ao “cenário macroeconómico complexo que a região atravessa”. Fruto dessa instabilidade, irá “suspender por um período indeterminado as operações no aeroporto internacional Simon Bolivar, em Caracas”, refere a transportadora aérea, que serve actualmente 140 destinos e emprega mais de 53 mil pessoas.

Já no domingo, a alemã Lufthansa tinha anunciado também a suspensão de voos entre Frankfurt e Caracas, a partir de 17 de Junho, justificando a decisão também com “a situação económica difícil” da Venezuela.

Desde 2013 que a indústria da aviação vive um verdadeiro braço-de-ferro com o Governo venezuelano por causa das dificuldades em repatriar as receitas geradas no país, fruto das limitações que existem na movimentação de capitais.

Antes da Lufthansa e da Latam já outras companhias tinham dado este passo, como aconteceu com a brasileira Gol ou a Air Canada. Noutros casos, a oferta foi apenas reajustada, com a expectativa de que seja algum dia possível recuperar o dinheiro retido.

A contabilização mais recente da Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês) dá conta de que, neste momento, há perto de 3600 milhões de dólares (cerca de 3200 milhões de euros) por repatriar, apesar das sucessivas tentativas para se chegar a um acordo que passaram, em alguns casos, por descontos significativos face ao que as empresas pediam.

Uma das transportadoras aéreas envolvidas neste braço-de-ferro é a portuguesa TAP, cujos resultados em 2015 foram fortemente penalizados pelas dívidas da Venezuela. A companhia foi forçada a contabilizar os 91 milhões de euros retidos no país como uma verba que dificilmente irá recuperar, o que elevou os prejuízos para 99 milhões de euros.

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