Lucro trimestral do BCP sobe para 50 milhões

O banco liderado por Nuno Amado registou um lucro de 50 milhões de euros entre Janeiro e Março, um crescimento face aos 46,7 milhões de euros do mesmo período do ano passado

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Rui Gaudencio

O resultado beneficiou "da expansão contínua do resultado core [estratégico], que se cifrou em 254,8 milhões de euros no 1.º trimestre de 2017, um crescimento de 20% face ao 1.º trimestre do ano anterior", explicou o banco ao mercado.

Para este desempenho contribuiu o crescimento de 13,7% para 332,3 milhões de euros da margem financeira do banco (o saldo entre os juros pagos nos depósitos e os juros cobrados nos créditos), em paralelo com uma descida de 2% dos custos operacionais para os 238,3 milhões. O produto bancário cresceu 9,4% para os 534 milhões de euros, tendo a descida nas comissões bancárias sido compensada pelo crescimento das comissões com a gestão de activos.

O banco agora controlado pelos chineses da Fosun sublinhou em comunicado que o resultado líquido foi sustentado pela evolução da actividade em Portugal. "Em Portugal, o resultado líquido aumentou 7,1 milhões de euros face ao primeiro trimestre do ano anterior, atingindo 9 milhões de euros, beneficiando do efeito positivo do reembolso dos CoCos [apoio do Estado], concluído em Fevereiro de 2017, e reflectindo a manutenção da dinâmica comercial e o rigoroso controlo dos custos”, acrescenta a instituição. 

Neste aspecto, o banco sublinha o menor custo de financiamento, depois do pagamento dos referidos instrumentos de capital contigente com encargos elevados, bem como "a redução das taxas de juro dos depósitos a prazo" dos clientes domésticos. 

Já no que diz respeito ao negócio internacional, os desenvolvimentos em Angola e Polónia acabaram por resultar numa ligeira descida dos lucros para 41,1 milhões de euros "condicionados pelo menor contributo da operação em Angola e não obstante a evolução favorável das restantes operações, apesar do efeito penalizador das contribuições obrigatórias na Polónia [Fundo de Resolução e novo imposto]".

Menos crédito, menos imparidades

O crédito total concedido pelo BCP, nos primeiros três meses do ano, diminuiu de 53,7 para 52,2 mil milhões de euros (excluíndo o Banco Millennium Angola, em descontinuação por fusão com o Banco Privado Atlântico). Nesta redução destaca-se a diminuição acentuada (-15%) no crédito a empresas de construção, bem como ao sector dos serviços (-7,3%). Nos particulares, o crédito habitação recuou 3,7%, mas o crédito ao consumo subiu 6,5%. No total, os particulares representam 28,1 mil milhões de euros, as empresas 24,1 mil milhões. 

As imparidades do crédito fixaram-se nos 148,9 milhões de euros, menos 7,3% do que no trimestre homólogo, uma evolução alicerçada na actividade em Portugal. No entanto, segundo o banco, "as outras imparidades e provisões totalizaram 54,3 milhões de euros nos primeiros três meses de 2017, comparando com 15,4 milhões de euros no período homólogo do ano anterior, reflectindo essencialmente o reforço das provisões relacionadas com garantias, com fundos de reestruturação empresarial e outros activos".

Quanto à qualidade da carteira de crédito, o BCP explica em comunicado que "evoluiu favoravelmente de 7,4% para 6,5% em 31 de Março de 2017, tendo o correspondente rácio de cobertura do crédito vencido há mais de 90 dias por imparidades aumentado de 86% em 31 de Março de 2016 para 109,8% em igual data de 2017".

No que diz respeito ao crédito malparado, a instituição financeira destaca a continuação da redução dos créditos de má qualidade em Portugal, "com um aumento da cobertura total, incluindo garantias, para 100%". Assim, os NPEs (exposição a créditos com mau desempenho) em Portugal desceram para 8,3 mil milhões de euros, com o ritmo muito elevado de redução desde 2013: média de 1,4 mil milhões de euros por ano". Já os NPL (créditos com mau desempenho) acima de 90 dias caíram para 4,8 mil milhões de euros "com redução significativa das entradas líquidas para 21 milhões de euros no primeiro trimestre de 2017". 

Já nos recursos de clientes, verificou-se uma ligeira subida de 2% para um total de 65,1 mil milhões de euros, dos quais 34,6 mil milhões de euros dizem respeito a clientes em Portugal, uma descida de 0,8%. Nas operações internacionais, os depósitos subiram 5,9% para os 15,5 mil milhões. 

Recuperação da solidez

No que toca à solidez do BCP, o rácio CET1 phased-in estimado em 31 de Março de 2017 (referência para as autoridades europeias) situou-se em 13,0% face aos 12,4% reportados três meses antes. Uma descida, ainda assim, em relação aos 13,2% de há um ano. 

Segundo o banco, "a evolução positiva deste rácio de referência no primeiro trimestre de 2017 beneficiou maioritariamente da operação de aumento de capital realizada em Fevereiro 2017 [que tornou os chineses da Fosun no maior accionista do banco, com mais de 25% do capital] e dos resultados líquidos acumulados do primeiro trimestre de 2017, apesar do reembolso da totalidade dos CoCos".

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