Juros implícitos espanhóis e italianos continuam a subir para níveis perigosos

Foto
O ministro da Economia de Espanha diz que não deixará cair as regiões Foto: Andrea Comas/ Reuters (arquivo)

Os juros da dívida pública de Espanha continuavam a escalar hoje de manhã nos mercados secundários, aparentemente indiferentes às sucessivas medidas de austeridade anunciadas pelo novo Governo de direita desde que tomou posse.

As taxas das obrigações espanholas a dez anos subiam para 6,136% às 9h55, ultrapassando pico que se tinha registado na terça-feira passada, e depois de na sexta-feira terem ficado me 5,945%.

O ministro da Economia de Espanha, Luis de Guindos, veio entretanto justificar, numa entrevista publicada hoje no diário espanhol El Mundo, o comportamento dos mercados de crédito face a Espanha com as “dúvidas sobre o projecto europeu”, que disse também serem alimentadas pelos receios face à capacidade das regiões espanholas para reduzirem os seus défices.

“Ainda existem dúvidas sobre o projecto europeu e, nesse sentido, as situações de volatilidade como as que vivemos [na semana passada] podem reproduzir-se”, disse Guindos, garantindo também que o Governo de Madrid não deixará cair nenhuma região em caso de dificuldade para se refinanciarem nos mercados.

No caso da Espanha, tal como de Itália, perto das 10h as taxas implícitas às transacções com títulos de dívida nos mercados secundários, onde são revendidos os títulos emitidos pelos Estados, subiam também a dois, cinco e 30 anos, segundo dados da agência Reuters (a fonte do PÚBLICO).

As taxas implícitas italianas a dez anos – prazo de referência nos mercados – subiam para 5,615%, face a 5,566% na sexta-feira. Estes valores ainda longe dos picos alcançados no Verão passado, antes de o BCE começara a comprar obrigações italianas e espanholas nos mercados secundários, e do máximo de 5,291% registado a 25 de Novembro.

No caso de Espanha a distância é no entanto menor, pois o seu máximo histórico é de “apenas” 6,714% (na mesma data), mas suas taxas ultrapassaram entretanto as italianas e o país tornou-se o novo foco da crise da dívida europeia e do euro, quando no Verão e no Outono era a Itália.

Os especialistas consideram geralmente uma taxa de 7% a dez anos como um limiar a partir do qual os Estados com níveis de dívida elevados como os europeus deixam de se poder financiar nos mercados em relativamente pouco tempo.

A continuação da subida das taxas espanholas hoje dá renovada actualidade à declaração do governador do banco central da Áustria, Ewald Nowotny, que também é membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE): “Temo que este momento seja da calma que precede a tempestade”, disse na semana passada numa entrevista ao jornal Vorarlberger Nachrichten, citada pela EFE.

Sugerir correcção
Comentar