Imobiliário e construção animam-se no Montijo à boleia do aeroporto

A perspectiva de um novo aeroporto na margem Sul do Tejo vai aumentar a procura por imóveis e puxar pela construção na região. Imobiliários acreditam que subida dos preços das casas poderá chegar aos 10%.

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NFS - Nuno Ferreira Santos

O bater dos martelos e os outros barulhos da construção civil prometem voltar a ouvir-se com mais força no Montijo. A perspectiva da construção do novo aeroporto na Base Aérea n.6 está a fazer aumentar a procura de imóveis e, como a oferta de casas novas é relativamente baixa, devido à crise dos últimos anos, a construção civil começa a ganhar novo ânimo na cidade.

A generalidade dos promotores imobiliários confirma que está a sentir um aumento da procura no sector e relata, também, uma tendência para a subida dos preços de venda de casas e terrenos.

Avelino Ribeiro, construtor no Montijo há 30 anos, confirma ao PÚBLICO que o sector está a voltar a ter actividade. A sua empresa tem dois prédios de 10 andares já de pé. Um, completamente concluído, tem a totalidade dos apartamentos vendidos e o outro, ao lado, está em construção mas ainda na fase de tijolo à vista. Já tem seis dos dez apartamentos vendidos. A continuar assim, seguem-se vários outros edifícios, na mesma rua, uma vez que a urbanização tem mais meia-dúzia de lotes para prédios.

“Há uma euforia de procura de terrenos para construção” diz Avelino Ribeiro, testemunhando que “os construtores começam a acreditar que vai haver procura de casas”. Este empresário, que no pico da crise abandonou a construção nova, alerta para um problema novo; a falta de mão-de-obra.

“Já se sente a falta de mão-de-obra qualificada, de pedreiros ou ladrilhadores, que emigraram com a crise, e agora é muito difícil encontrar esses profissionais no Montijo”, refere Avelino Ribeiro. O empresário acha que este factor vai contribuir também para uma subida dos preços dos imóveis.

Os mediadores imobiliários são unânimes quanto ao aumento da procura. Seis agentes, ouvidos pelo PÚBLICO, são consensuais também quanto à tendência para o aumento de preços, quantificando a subida em cerca de 10%.

“Há proprietários que sobem os preços entre 5 a 10% e há, sobretudo, uma recusa em aceitar a redução de preços [que houve até há pouco tempo]”, diz Nuno Coimbra, da Predial Coimbra. Este mediador atribui o aumento da procura ao nível muito baixo das taxas de juro, que leva os investidores a optarem pelo imobiliário.

De forma idêntica, Luísa Barroca, da Carmo Imobiliária, regista também que “já se ouve alguns construtores a manifestarem vontade de aumentar um pouco os preços”.

“Os preços sobem entre 10 a 20%, não só nos imóveis mas também nos terrenos”, diz, por seu turno, Maria do Carmo, da Casa Fácil, acrescentando que “há proprietários que suspendem as vendas e depois querem recolocar os imóveis com valores mais caros”.

Já Aida Barão, da Okasa, quantifica a tendência de aumento de preços em “10% em média” e explica que os valores “têm vindo a subir também porque a oferta é baixa”. Segundo esta profissional, os mediadores locais já estão “com dificuldades de produto para venda, sobretudo imóveis novos”.

Por seu turno, Pedro Barão, da Veigas Imobiliária, tem sentido menos o aumento da procura. Lembra que “já se fala da vinda do aeroporto há muitos anos”, mas concorda que vai haver inflação. “Os preços vão subir, tal como aconteceu com a construção da Ponte Vasco da Gama, embora menos”, diz.

A ideia de que o aeroporto pode ter um efeito idêntico, em procura e especulação, ao provocado pela travessia do Tejo, no Montijo e em Almada, é partilhada agora por todas as pessoas ouvidas pelo PÚBLICO que, no entanto, sublinham que a intensidade não será tão grande desta vez.

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