Há mais empresas que prevêem contratar este ano e no próximo

Salários de trabalhadores com mais responsabilidade recuperam mais em períodos de crescimento económico, segundo inquérito a 300 empresas.

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Nas 305 empresas inquiridas, o salário dos recém-licenciados vai dos 13.057 a 17 984 euros anuais Bruno Lisita

Um estudo da consultora Mercer a 305 empresas presentes no mercado português, sobretudo multinacionais, aponta para um aumento na contratação de trabalhadores neste universo de empresas, às quais pertencem cerca de 160.200 funcionários.

Os resultados do inquérito, divulgados nesta quarta-feira, mostram que o número de empresas que contam reforçar os quadros de pessoal quase duplicou. Cerca de metade conta fazê-lo este ano (49% das empresas), quando em 2015 esta percentagem era de 26%. Mas em relação ao próximo ano as perspectivas descem ligeiramente.

São 44% as empresas que, em 2016, estão a contar manter o mesmo número de trabalhadores e 7% as que prevêem chegar ao fim do ano com menos funcionários. Para 2017, há menos empresas a projectarem uma redução do número de efectivos (2%), havendo uma maioria que planeia manter estável o quadro de trabalhadores (52%), acima das que esperam contratar (46%).

Mais de metade das empresas ouvidas no estudo são multinacionais (54%), na sua maioria de grupos sedeados nos Estados Unidos e em França, seguindo-se empresas portuguesas do sector privado (45%) e empresas públicas (1%). A realidade retratada no estudo envolve em grande medida empresas com menos de 500 funcionários (mais de 80% dos casos). Quanto ao volume de negócios, o universo em causa está “repartido sobretudo entre as empresas com menos de 50 milhões de euros de facturação (62% da amostra) e mais de 100 milhões de euros de facturação (20% da amostra)”.

Para reduzirem o peso da massa salarial na estrutura de custos, muitas empresas congelaram salários nos últimos anos de crise económica. Este ano, porém, há uma “descida significativa do número de empresas a praticarem esta política”, o que a Mercer liga à recuperação económica e ao próprio facto de os salários terem sido congelados nos anos anteriores.

Em média, os aumentos salariais previstos para este ano são mais altos nos quadros superiores (uma subida de 1,79%), seguindo-se as chefias intermédias (1,76%), os elementos de administração/direcção geral ficam ao mesmo nível dos administrativos (1,67%) e, depois, os directores de primeira linha (1,65%) e os comerciais de vendas (1,63%). A subida mais baixa acontece nos quadros inferiores, onde o incremento salarial médio nestas empresas é de 1,46%. Se as funções de maior nível de responsabilidade “têm sido as mais penalizadas em fases de contracção da economia”, são também as que “mais recuperam em períodos de crescimento económico”, sublinha o responsável da área de estudos de mercado da Mercer, Tiago Borges, citado nas conclusões do inquérito.

Para o próximo ano, os aumentos são maiores nos directores de primeira linha, nas chefias intermédias e nos administrativos, mas no caso dos administradores das empresas e dos operários já serão inferiores aos deste ano.

Outro dado que o inquérito permite medir é o salário base dos recém-licenciados, quando se trata do primeiro emprego. Nestas 305 empresas, o vencimento anual (12 meses, mais os subsídios de férias e Natal) “situa-se tendencialmente entre os 13.057 e os 17.984 euros”, ou seja, entre 933 e 1285 euros por mês.

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