Grupo Navigator assume impacto dos incêndios de Pedrógão nas contas semestrais

Antigo grupo Portucel reconhece que nos incêndios de Junho em Pedrógão Grande, Góis e Sertã, são seus “cerca de 800 hectares” da estimativa de 50 mil hectares de área ardida

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Navigator, liderada por Diogo da Silveira, teve lucros de 96 milhões no primeiro semestre, mais 12,4% que um ano antes DB Diogo Baptista

O grupo de pasta e papel Navigator Company, conhecido anteriormente por Portucel, reconheceu nas contas relativas ao primeiro semestre de 2017 um “impacto reduzido dos incêndios florestais nas matas próprias” da companhia cotada.

No comunicado emitido esta quinta-feira, 27 de Julho, o grupo liderado por Diogo da Silveira (presidente executivo), afirma que “em termos de impacto dos incêndios florestais ocorridos em Junho nos concelhos de Pedrógão Grande, Góis e Sertã, as estimativas apontam para uma dimensão da área ardida de cerca de 50 mil hectares, situando-se em cerca de 800 hectares a área ardida da Navigator”.

E “embora o impacto directo deste incêndio nas matas do grupo tenha sido reduzido”, assume a gestão na nota ao mercado que “vários fornecedores nacionais foram afectados”, o que torna “ainda difícil estimar o possível impacto destes incêndios em anos futuros”.

A administração da papeleira adianta, contudo, que “de qualquer forma, não se antecipam neste momento quaisquer riscos no fornecimento de madeira às unidades fabris do grupo”.

Em dois parágrafos dedicados aos incêndios de Junho, a gestão da Navigator adianta ainda que, juntamente com a Altri, decidiu “contribuir com um milhão de euros, dos quais meio milhão de euros serão destinados ao fundo especial de apoio às organizações da sociedade civil da região de Pedrógão Grande, constituído pela Fundação Calouste Gulbenkian”.

E que, Navigator e Altri  “decidiram também investir na recuperação de encostas, linhas de água e infra-estruturas florestais, nas zonas afectadas pelos incêndios”. Ambas as papeleiras, adianta ainda a Navigator, “estiveram envolvidas desde a primeira hora no combate aos incêndios” de Junho, “com as suas equipas de sapadores florestais, nomeadamente através do dispositivo da Afocelca”.

Contra proibição de novas áreas de eucalipto

Nos eventos subsequentes aos resultados semestrais, com fecho a 30 de Junho último, a administração da Navigator destaca a reforma das florestas, nomeadamente a medida que limita a plantação de novas áreas de eucalipto.

Assim, o grupo diz encarar “com muita preocupação a nova proposta legislativa aprovada no dia 19 de Julho de 2017” no Parlamento, que “proíbe novas áreas plantadas de eucalipto e introduz mecanismos que condicionam negativamente a replantação desta espécie”.

“A implementação desta legislação”, na óptica do grupo industrial, “irá resultar, como é óbvio”, no agravamento do já muito oneroso peso das importações de matérias-primas para a indústria de pasta e papel”.

São, para a gestão da ex-Portucel, “medidas discriminatórias” que “não têm qualquer justificação científica, económica ou ambiental”. E, julga a Navigator, “terão como consequência, imediata e a prazo, um maior abandono de propriedades rurais em Portugal”. Mais ainda, considera a administração da papeleira, “não irão resolver o problema dos fogos florestais no nosso país, já que a principal causa por detrás desta realidade”, advoga, “é a acumulação de matéria combustível no espaço rural”.

E dá o seu exemplo: “nas florestas da Navigator, geridas e certificadas, as áreas ardidas são inferiores a 1% da área sob gestão”, o que considera “reforçar a evidência” que “uma floresta organizada e bem gerida é menos vulnerável ao risco de incêndios”.

Lucros sobem 12,4% no semestre

Entre Janeiro e Junho deste ano, o grupo Navigator obteve um resultado líquido de 96 milhões de euros, um crescimento de 12,4% face aos 85,5 milhões de euros registados um ano antes.

O EBITDA, medido pelos resultados operacionais incluindo amortizações e provisões, ascendeu a 198,4 milhões de euros, melhores em 1,6% do que em Junho de 2016. O EBIT (resultado antes de juros e impostos) progrediu 14,4%, para 123,4 milhões de euros.

Nos primeiros seis meses do ano, a companhia vendeu 812,6 milhões de euros, crescendo 4,4% face a igual período de 2016 - com o “valor das vendas de pasta” a crescer 40% na comparação homóloga, e a venda de energia eléctrica a subir 23%.  

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