Grécia com excedente primário próximo de 4% em 2016

Valor deverá ser anunciado sexta.feira e superar largamente a meta definida pela troika. Mas o FMI continua desconfiado.

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O FMI de Christine Lagarde não acredita na capacidade do ministro grego Euclid Tsakalotos para manter o excedente primário a níveis tão elevados Reuters/FRANCOIS LENOIR

A Grécia deverá anunciar esta sexta-feira um excedente orçamental primário (saldo que não inclui a despesa com juros) próximo de 4% do PIB, um valor que a confirmar-se supera de forma muito clara a meta que tinha sido definida no programa de ajustamento.

De acordo com a agência Bloomberg, que cita, sem identificar, um responsável do Ministério das Finanças grego, os dados oficiais para as finanças públicas gregas serão anunciadas esta sexta-feira e possivelmente validadas pelo Eurostat, devendo o excedente orçamental primário – que se tornou no indicador de referência para medir o esforço de consolidação realizado pelo Governo – registar um valor próximo de 4% do PIB.

No programa de ajustamento, que a Grécia assinou com os parceiros europeus, a meta que estava definida para 2016 era de um excedente primário de 0,5% do PIB. No entanto, um desempenho ligeiramente melhor da economia e a evolução acima do esperado de diversos indicadores orçamentais permitiu este resultado.

O valor final pode mesmo vir a superar a última estimativa de 3,3% do PIB, apresentada pelo FMI nas previsões de Primavera publicadas na terça-feira e mesmo os 3,5% que o Fundo considera serem necessários manter, a partir de 2019, para assegurar a sustentabilidade da dívida pública.

Não se pode concluir contudo que este desempenho orçamental em 2016 será suficiente para convencer a entidade liderada por Christine Lagarde de que a Grécia está já no caminho certo. Os responsáveis do FMI têm vindo a repetir em diversas ocasiões que consideram que o excedente conseguido em 2016 não será sustentável no futuro. Isto é, sem novas medidas de consolidação mais apertadas, o país não conseguirá assegurar durante anos sucessivos o excedente de 3,5% que lhe é pedido. Nas suas previsões de Primavera, o Fundo aponta para um excedente orçamental primário grego de 1,8% este ano e de 2% em 2018, com o valor a estabilizar depois nos 1,5% a partir de 2019.

E, por isso, para o Fundo, a solução poderá mesmo ter de passar por um alívio do peso da dívida pública, que permita à Grécia reduzir o esforço de contenção que tem de realizar. É aqui que a entidade sediada em Washington continua sem se entender com os governos da zona euro. Um alívio da dívida grega teria de ser garantido pelos parceiros da zona euro, algo que alguns governos, como o alemão, não parecem estar dispostos a aceitar, pelo menos de uma forma muito significativa.

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