Galp corta investimento com descida de custos na produção de petróleo

Investimento até 2021 deverá totalizar cinco mil milhões de euros. Lucro caiu 24% em 2016, para 483 milhões.

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Carlos Gomes da Silva está em Londres a apresentar o plano estratégico da empresa aos investidores Nuno Ferreira Santos

A Galp anunciou que vai investir até cinco mil milhões de euros até 2021 para duplicar a produção de petróleo. A petrolífera liderada por Carlos Gomes da Silva, que está nesta terça-feira a apresentar aos investidores, em Londres, o plano estratégico da empresa para os próximos anos, prevê que o investimento médio anual entre 2017 e 2021 se situe entre os 800 mil e os mil milhões de euros, uma queda de 20% face ao ritmo do investimento médio anual dos últimos cincos anos. 

Para o mesmo período, a expectativa da petrolífera em relação ao lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) é a de um crescimento médio anual de 20%. Em 2017, o valor deverá oscilar entre 1500 e 1600 milhões, com base num cenário que coloca o preço do crude nos 50 dólares, adiantou a Galp num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Segundo o comunicado, a redução de investimento deve-se aos “ganhos de eficiência nos processos de upstream [exploração e produção]”, onde os custos caíram, e à “execução já conseguida nos projectos no Brasil”. Para 2017, a empresa estima o investimento total entre mil a 1200 milhões de euros.

Os projectos petrolíferos no Brasil, a execução do Bloco 32 em Angola e a preparação dos projectos moçambicanos de gás natural na bacia do Rovuma vão manter-se o foco estratégico da Galp, que espera ter em operação até 2021, no Brasil e em Angola, 16 unidades de produção. Neste momento, a empresa tem oito unidades de produção instaladas no Brasil.

A empresa anunciou nesta terça-feira uma quebra de 24% nos lucros anuais, para 483 milhões de euros, devido a efeitos não recorrentes, “incluindo imparidades”, que pesaram 324 milhões de euros nos resultados. Segundo a Galp, estas imparidades incluem custos relacionados com transferências de contratos relativos à construção de unidades flutuantes de produção de petróleo no Brasil e encargos relativos ao fim de actividade do Bloco 14, em Angola.

Em 2016, a produção total de petróleo e gás natural cresceu 48% face a 2015, graças à maior contribuição do pré-sal brasileiro, com a entrada em produção de duas novas unidades e o reforço de outras das seis já ali instaladas.

Até 2021, a Galp espera que a produção de petróleo e gás natural registe uma taxa média de crescimento anual entre os 15% e os 20%, permitindo que duplique a sua produção média de petróleo e gás natural em relação a 2016.

Para 2018 mantém-se o objectivo de “passar a gerar cash flow positivo”, sublinha a Galp, que assume para esse ano um valor de referência do preço do petróleo nos 55 dólares. “A Galp assume um dividendo estável tendo como referência 0,50 euros por acção”, mas a partir de 2017, o dividendo “será ajustado tendo em conta a geração de cash flow, as oportunidades de novos investimentos e uma estrutura de capitais sólida”, refere o comunicado.

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