Galp avança com investimento de 600 milhões em Moçambique

A Galp e os seus parceiros para a exploração de gás natural na costa moçambicana selaram o acordo que vai fazer sair do papel um investimento de seis mil milhões de euros.

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Produção de gás natural em Moçambique está prevista para 2022 Nuno Ferreira Santos

A Galp anunciou esta quinta-feira que o acordo final que permitirá avançar com a produção de gás natural em Moçambique foi finalmente assinado. O contrato que vincula empresas como a italiana Eni, a Galp e a sul-coreana Kogas foi assinado em Maputo pelos responsáveis das companhias, na presença do presidente da república de Moçambique, Filipe Nyusi.

“A Galp informa que o consórcio para o desenvolvimento da Área 4 em Moçambique tomou hoje a decisão final de investimento (FID) relativa ao projecto FLNG Coral Sul”, anunciou a empresa liderada por Carlos Gomes da Silva num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Trata-se de um investimento total de sete mil milhões de dólares (cerca de seis mil milhões de euros), para o qual foi assegurado um financiamento de cinco mil milhões de dólares, cerca de 4,4 mil milhões de euros, “com um sindicato de ECAs (export credit agencies) e instituições financeiras internacionais”, explica a Galp. A petrolífera portuguesa tem 10% do consórcio, pelo que terá a seu cargo um investimento de aproximadamente 700 milhões de dólares (cerca de 625 milhões de euros).

Com início da produção previsto para 2022, a unidade flutuante de liquefação de gás natural (FLNG) terá uma capacidade de produzir aproximadamente 3,4 milhões de toneladas por ano e será “alocada à parte sul da descoberta Coral, a qual está exclusivamente localizada na Área 4” da bacia do Rovuma, detalhou a Galp.

Esta zona no norte de Moçambique é considerada uma das mais importantes reservas de gás natural do mundo. Além da exploração do petróleo em águas ultra-profundas no Brasil, é na venda do gás moçambicano que a Galp está a alicerçar o seu crescimento futuro. No final do ano passado, o consórcio assinou com a BP um contrato de 20 anos para vender a totalidade da produção desta unidade flutuante em Coral Sul.

“Devido à dimensão e qualidade dos recursos, à sua localização e às potenciais economias de escala, é esperado que a bacia do Rovuma venha a desempenhar um papel fundamental na indústria do gás natural em Moçambique”, assinalou a Galp.

Actualmente, o projecto é liderado pela Eni, que detém uma participação de 70%, embora exista uma reorganização em curso que deixará os italianos com uma posição de 25%, em igualdade de circunstâncias com a nova parceira ExxonMobil. Além disso, a chinesa CNPC irá assumir uma posição de 20%. Já a Galp, a estatal moçambicana ENH e a sul-coreana Kogas vão manter-se com 10% cada.

O consórcio também assinou esta quinta-feira o contrato de Engenharia, Aprovisionamento, Construção, Instalação e Comissionamento (EPCIC) para a unidade FLNG com o consórcio TJS (Technip, JGC, Samsung). Adicionalmente foram adjudicados os contratos relativos à sonda de perfuração e aos sistemas de produção, adianta a petrolífera.

A aprovação do projecto Coral Sul é “um importante marco para a Galp” e para o seu objectivo de “reduzir a intensidade carbónica do seu portefólio” de activos, diz ainda o comunicado.

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