Galp prepara participação em novos leilões no Brasil

Empresa liderada por Carlos Gomes da Silva lucrou 99 milhões no primeiro trimestre do ano.

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Produção de petróleo da Galp cresceu 60% no primeiro trimestre ric ricardo campos

No final do ano, quando a Agência Nacional do Petróleo (ANP) do Brasil avançar com uma nova ronda de licitações de áreas de exploração petrolífera nas águas ultra-profundas do pré-sal vai poder contar com o nome da Galp num dos envelopes. "Estamos a preparar-nos para participar nestas rondas, principalmente naquelas que fazem mais sentido numa perspectiva de valor acrescentado", afirmou esta terça-feira o presidente executivo da Galp, Carlos Gomes da Silva, numa conversa telefónica com analistas, a propósito dos resultados trimestrais da empresa, que caíram 13%, para 99 milhões de euros, face ao período homólogo.

O gestor já tinha deixado claro, em Fevereiro, no tradicional encontro anual com analistas e investidores, que os novos leilões petrolíferos brasileiros estavam no radar da empresa. Agora, deixou claro que a Galp não pretende deixar passar em branco oportunidades como a de estender a sua presença à área adjacente ao campo de Carcará, considerado uma das “jóias da coroa” da bacia de Santos, onde a Galp está em consórcio com a norueguesa Statoil. Com o início da produção previsto para 2021, a Galp tem 14% do projecto e a Statoil, que é a operadora, tem 60%, que comprou à Petrobras.

Além da extensão do campo Carcará, não é evidente se a Galp estará interessada em participar noutras licitações, mas já é claro que não vê dificuldades em fazê-lo sem ser lado a lado com a sua, até agora, parceira estratégica Petrobras. Isto porque, com as alterações legislativas recentes, deixou de ser obrigatório que a petrolífera brasileira seja a operadora em todos os projectos de exploração (este facto condicionava novos investimentos, tendo em conta as limitações financeiras da empresa no contexto actual).

“Não sabemos se a Petrobras vai, mas nós estamos a preparar-nos muito bem”, disse Gomes da Silva, assegurando que, com um currículo de “mais de 20 anos” de Brasil, a Galp será um parceiro valioso em qualquer novo projecto. “Se há alguém que conhece os activos, a geologia e o ecossistema [da indústria petrolífera brasileira] é a Galp”, sublinhou o presidente da petrolífera. E embora a Galp (que tem como meta gerar cash flow positivo a partir do próximo ano, o que lhe dará flexibilidade para investir sem aumentar o endividamento) não esteja "sob stress" para comprar novos activos, sabe que o Brasil é um país de "bons activos" e "boas oportunidades" e está lá "para ficar".

No primeiro trimestre, a produção petrolífera da Galp (considerando apenas aquela a que a empresa tem direito depois de pagar impostos) cresceu 60%, impulsionada pelo crescimento do Brasil (mais 73%), onde a produção diária se aproximou dos 80 mil barris diários. Em contrapartida, em Angola verificou-se uma queda de 13%.

Apesar do crescimento operacional, os resultados líquidos da Galp diminuíram em 15 milhões de euros no trimestre devido à constituição de uma provisão de seis milhões de euros relativa a Angola e à reversão de oito milhões de euros em impostos diferidos no mercado ibérico, adiantou o administrador financeiro da Galp, Filipe Silva.

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