G20: Economia global enfrenta riscos que só mais investimento poderá contrariar

FMI exortou as economia mais desenvolvidas como a Alemanha e os Estados Unidos a fazerem mais investimento público para impulsionar o crescimento global. Impacto do "Brexit" está a dominar a reunião.

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A presidente do FMI na reunião do G20 REUTERS/Ng Han Guan/Pool

O assunto não estava na agenda oficial, mas era inevitável que o "Brexit", o resultado do referendo que revelou a intenção da maioria dos britânicos de abandoar a União Europeia dominasse as conversas dos governadores dos bancos centrais e dos ministros das Finanças das 19 economias mais desenvolvidas do mundo, mais a União Europeia. O G20 está este fim de semana reunido em Chengdu, na China, num encontro onde já se ouviram apelos a mais investimento públicos que impulsionem o crescimento global.

Foi o próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) quem sustentou essa proposta, apelando concretamente às economias avançadas, como a Alemanha e os Estados Unidos, que canalizem mais dos seus gastos públicos para investimentos em infra-estruturas, de forma a ajudar a impulsionar o crescimento global. A questão tem, porém, suscitado algumas divisões entre os membros do G20.

No primeiro dia da reunião os responsáveis pela política monetária traçaram um quadro alarmante da situação global. Sustentaram-se, também, no relatório que o FMI divulgou ainda antes da reunião e no qual faz uma revisão em baixa da sua previsão do crescimento global, baixando-os, respectivamente para 3,1% em 2016 e 3,4% em 2017.

"Os riscos tornaram-se mais proeminentes" e o crescimento do PIB mundial pode mesmo "desacelerar de forma mais acentuada, se o aumento das incertezas políticas e económicas persistirem devido ao 'Brexit'", sustenta o FMI. "O crescimento global continua fraco e os riscos de queda tornaram-se mais salientes", afirma o Fundo numa posição oficial.

O novo ministro das Finanças da Grã-Bretanha, Philip Hammond, é um dos que vão usar da palavra na reunião do G20, e a expectativa é que insista na mensagem de que o seu país "continua aberto ao negócio", segundo um comunicado do Tesouro britânico. Mas, como comentou  aos jornalistas o secretário do Tesouro norte-americano, Jacob Lew, citado pela AFP, “este é um período de incerteza persistente para as perspectivas económicas”.

Entretanto o responsavel norte americano já deixou em Chengdu um apelo a que os ministros das finanças avancem no reforço da coordenação dos seus sistemas fiscais e de troca de informações financeiras, a fim de se conterem as práticas de optimização agressiva das multinacionais e de oferecer uma estabilidade acrescida aos investidores.

Acabar com as “lacunas” dos regimes fiscais devido à má coordenação internacional “vai mudar as escolhas que as empresas fazem”, sublinhou o secretário do Tesouro norte-americano Jacob Lew, perante outros grandes financeiros do G20. "Quando as regras actuais da fiscalidade internacional foram desenvolvidas, elas reflectiam a geografia, as fronteiras nacionais. Hoje em dia, as tecnologias esbatem as fronteiras", argumentou Lew.

A Google e outras multinacionais, como a Amazon ou Facebook, são regularmente acusadas de evasão aos impostos, nos Estados Unidos e na Europa, instalando-se em países onde os sistemas de tributação lhes são mais favoráveis, como a Irlanda.

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