Fundo americano Carlyle entra na Logoplaste e dá fôlego à internacionalização

Investimento irá “aumentar a capacidade de investimento” da empresa portuguesa.

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Filipe de Botton diz que aumento de capital ajuda a empresa a investir nos Estados Unidos Rui Farinha

O fundo de investimento Carlyle anunciou esta segunda-feira que chegou a acordo com a Logoplaste para entrar no capital da empresa familiar que produz embalagens para a indústria de grande consumo. À Reuters, o presidente executivo da Logoplaste, Filipe de Botton, adiantou que está em causa um aumento de capital “para preparar a empresa para investir, sobretudo, nos Estados Unidos”. A propriedade da Logoplaste será partilhada 50/50 pelas duas entidades, disse à agência noticiosa. O negócio servirá, diz a Reuters, para preparar a Logoplaste para o investimento de 300 milhões de euros que tem previsto para os próximos anos.

Ao PÚBLICO, fonte próxima da empresa referiu que a principal mais-valia do acordo passa por ganhar “capacidade e músculo financeiro para os desafios de crescimento que se avizinham”. A mesma fonte precisou que “o equilíbrio final das participações será fruto de discussões a ter no futuro” e que “não se prevê qualquer alteração a nenhum nível da gestão da Logoplaste”.

A empresa produz nas fábricas dos seus clientes (faz, por exemplo, as embalagens do detergente Fairy ou do champô Pantene) e reportou vendas de 468 milhões de euros em 2015. A empresa, que não divulga os resultados líquidos, tem 2000 trabalhadores, em 16 países.

De acordo com o comunicado, a operação deverá estar concluída no terceiro trimestre do ano, após as autorizações dos reguladores. Os montantes do investimento não foram adiantados, mas a Reuters refere que o grupo Carlyle, de private equity (que investe em capital de vários tipos de empresas) avaliou a portuguesa Logoplaste em 660 milhões de euros.

“Estamos muito satisfeitos em fazer uma parceria com o Grupo Carlyle, para apoiar os planos de crescimento global da Logoplaste. A combinação da presença global do Carlyle, da sua experiência nos nossos mercados e a solidez financeira vão ajudar-nos a tirar partido das excelentes oportunidades disponíveis”, comentou Filipe de Botton, citado no comunicado do fundo norte-americano. Já Alexandre Relvas, co-presidente executivo da Logoplaste, admitiu ter ficar “impressionado” com a abordagem de parceria da Carlyle.

No documento, onde não é revelado o valor do negócio, Alex Wagenberg, director geral do fundo de private equity, sublinhou que a Logoplaste é “reconhecida globalmente pela inovação e serviço ao consumidor devido à sua capacidade de Investigação e desenvolvimento inovadora, modelo operacional eficiente e parcerias de longo prazo” com clientes sólidos.

A operação foi assessorada, do lado da Logoplaste, pela Credit Suisse e pela PLMJ. Já o Carlyle teve ao lado o Barclays Capital e a sociedade de advogados Linklaters.

Presença em quatro continentes

Foi Marcel de Botton, pai de Filipe de Botton, quem fundou a Logoplates em 1976. A produção de embalagens rígidas de plástico diferenciou-se pelo modelo de fabrico dentro das unidades dos clientes ou, em alternativa, o mais perto possível para que as embalagens cheguem rapidamente à linha de enchimento. A Logoplaste tem 59 fábricas espalhadas em 18 países, de quatro continentes. Por segundo, de acordo com a empresa, produz 391 embalagens de todo o mundo.

O reforço do investimento nos Estados Unidos, agora impulsionado com a entrada do grupo Carlyle segue-se à estreia naquele mercado no ano 2000, altura em que também avançou para o Canadá. Nos EUA tem uma divisão do seu Innovation Lab, criado há 15 anos para estudar o design e a engenharia de embalagens. Há quatro destes laboratórios, distribuídos por Cascais. Reading (Reino Unido), Chicago (EUA) e São Paulo (Brasil).

O grupo Carlyle, um dos maiores grupos de private equity do mundo (criado em 1987 em Washington, gere activos no valor de mais de 178 mil milhões de dólares) marcou presença nas empresas em Portugal quando, em 2004, comprou o grupo Saprogal, produtor ibérico de rações para animais com sede bipartida na Corunha e no Cartaxo. Um ano depois viria a vender este negócio à Mercapital, sociedade de capital de risco espanhola.

Accionista da Altice, que comprou a PT Portugal, o grupo norte-americano acordou no ano passado vender 1,8% do capital desta empresa a entidades controladas por Patrick Drahi (o líder da Altice) e outros responsáveis.

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