França defende suspensão das negociações do acordo de comércio entre EUA e UE

Aumenta o coro de vozes críticas aos termos do acordo que tem vindo a ser negociado desde 2013 entre a União Europeia e os Estados Unidos da América, o chamado TTPI

Foto
As revelações do chefe da agência de espionagem não retiram a pressão sobre Barack Obama JIM YOUNG/REUTERS

As negociações sobre o acordo de livre comércio entre os Estados Unidos e a União Europeia devem ser suspensas devido à relutância de Washington em fazer concessões, defendeu o secretário de Estado do Comércio Externo francês, Matthias Fekl. "Tendo em conta o estado de espírito dos Estados Unidos hoje, essa parece ser a opção mais provável", afirmou o governante, citado pela Lusa, quando questionado sobre se as negociações, que começaram em 2013, teriam de parar.

Esta posição surge um dia depois da Comissão Europeia ter admitido a existência de grandes divergências entre Bruxelas e os Estados Unidos sobre a Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP). A posição da comissão foi assumida na sequência de uma fuga de informação que colocou nas mãos de alguns jornais europeus alguns documentos reveladores do teor das negociações, fornecidos pela Geenpeace Holanda.   

E se o secretário de Estado do Comércio francês se refere, na sua declaração, à posição dos Estados Unidos é porque esses documentos demonstram que os negociadores americanos parecem empenhados em interferir directamente nos processos de decisão ao nível da União Europeia e também junto de cada país.

A documentação fornecida pela associação ambientalista, e que “furou” o sigilo que os negociadores se têm empenhado em manter, conta com 248 páginas e mostra que os assuntos mais polémicos são os relacionados com as áreas de meio ambiente e saúde, com os EUA a forçarem uma redução dos padrões de regulamentação.

Entre as áreas mencionadas estão as indústrias de cosméticos (nos EUA podem ser usados animais em testes laboratoriais, por exemplo) e o uso de pesticidas na agro-indústria. Nestes temas, os negociadores admitiram que não poderiam tomar uma decisão sem consultar a indústria, diz o mesmo diário.

 

Sugerir correcção
Ler 8 comentários