França considera “impossível” fechar TTIP até ao final do ano

Governo francês está muito reticente quanto ao processo.

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TTIP tem sido muito contestado, sobretudo na Alemanha. Fabrizio Bensch/Reuters

O governo francês considera “impossível” que o acordo de parceria transatlântica (TTIP) entre a Europa e os Estados Unidos fique fechado até ao final do ano, ao contrário daquelas que são as pretensões de Washington e Bruxelas.

“Penso que um acordo em 2016 é impossível. Toda a gente sabe disso, incluindo aqueles que dizem o contrário”, disse à AFP o secretário de Estado francês para o Comércio Externo, Mathias Fekl.

O governante, que tem acompanhado as negociações, acrescentou que a Europa está à espera de receber “propostas sérias” por parte dos Estados Unidos e que  “não há absolutamente nenhuma chance” de que o processo avance até ao final da administração de Barack Obama.

“Numa negociação, não há nada pior do que dizer que temos de concluir o processo a qualquer preço”, disse Mathias Fekl, acrescentando que é preferível “ter um bom acordo, um acordo exigente com coisas positivas para o emprego em França e para os trabalhadores”.

“Se assim não for, tiraremos as devidas consequências (…) Não serei o secretário de Estado do Comércio Externo que irá vender a qualquer preço, perante o Parlamento, um acordo que considero mau e insatisfatório para o nosso país”, garantiu.

Os Estados Unidos reafirmaram na semana passada o desejo de concluir até ao final do ano as negociações do TTIP, apesar da crescente oposição de Paris e da incerteza criada pelo “Brexit”.

A comissária europeia do Comércio, Cecilia Malmström, responsável por conduzir o processo em nome da União Europeia, também se mostrou determinada em “prosseguir as negociações”, que considerou “importantes para a Europa”. Garantiu ainda que é unânime entre os países europeus que as negociações devem continuar.

Em reacção a estas declarações o secretário de Estado alertou que elas estão desajustadas do que se passa na Europa. “A Comissão está ciente de que as negociações não estão a progredir”, disse. “Já não está na fase de negociação, mas na fase de encontrar os responsáveis por um falhanço”.

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